Por thiago.antunes

Rio -  Um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã, na Praça Mauá, foi ocupado nesta sexta ao meio dia por cerca de 100 trabalhadores demitidos do Comperj, que reivindicavam pagamento de direitos e retomada das obras.

As visitas foram suspensas por mais de quatro horas, mas não houve maior transtorno aos turistas que pretendiam conhecer o museu, já que não havia as filas intermináveis dos fins de semana, verificadas desde a abertura do espaço, em dezembro de 2015. Em março do ano passado, os trabalhadores do Comperj fecharam a Ponte Rio-Niterói, causando, na ocasião, um grande engarrafamento na cidade.

PM cercou o local%2C que ficou fechado por quatro horas para visitação. Manifestantes levaram suas famíliasJoão Laet / Agência O Dia

Exibindo faixas e cartazes, os desempregados do Comperj levaram mulheres e filhos, entraram no museu e exigiram a presença de representantes do governo e da empresa para negociar, o que não foi atendido. Policiais militares e guardas municipais cercaram o museu. Não houve confronto e a manifestação terminou pacificamente pouco depois das 16h.

De acordo com os organizadores do movimento SOS Emprego, foi escolhido um ponto de grande visitação de pessoas para chamar a atenção do governo e da população para a gravidade da situação dos cerca de 3 mil trabalhadores demitidos pela Alumini Engenharia (ex-Alusa), que está em recuperação judicial desde janeiro de 2015 e é uma das empresas envolvidas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Moradoras de Porto Alegre, as gaúchas Therezinha Flores, de 79 anos, Ione Queiróz, 72, e Ivone de Queiróz, 83, apoiaram a manifestação. “Uma pena que não pudemos entrar, mas voltaremos assim que puder”, garantiu Therezinha, que alegou que os altos preços das passagens vão adiar um pouco a viagem de volta ao Rio. Já Cristiana Leite, 45, e Frederico Mesquita, 56, moradores de Natal, no Rio Grande do Norte, não desanimaram e prometeram voltar ao museu ainda hoje. 

Impasse nas negociações

As negociações entre trabalhadores e direção da Alusa no Ministério Público do Trabalho (MPT) estão num impasse há mais de um ano. As obras do Comperj foram interrompidas em novembro de 2014 e os funcionários, demitidos em janeiro de 2015. “Os trabalhadores não aguentam mais essa indefinição e o descaso por parte da empresa, do governo e da Justiça”, disse Leopoldo Cunha da Silva, o Léo Ceará, um dos organizadores do ato.

As obras no Comperj foram afetadas pela crise desencadeada pela Lava Jato. Com a indefinição, disse Ceará, trabalhadores estão sem receber salários e não tiveram baixas nas carteiras de trabalho, o que os impede de buscar novos empregos. Com a rescisão, eles poderão sacar o FGTS e requerer o seguro-desemprego, informou Ceará. A reportagem tentou entrar em contato com a Alumini até o fechamento da edição, mas não obteve sucesso.

Obras devem ser retomadas ainda este ano

O governo deve lançar novas licitações para retomar as obras de duas unidades do Comperj. Estima-se que as novas atividades na construção do complexo vão gerar 5,5 mil empregos até o fim do ano. Atualmente, 6 mil trabalhadores ainda atuam no empreendimento, que já chegou a ter 30 mil pessoas empregadas no pico das obras.

Além da construção da Unidade de Processamento de Gás Natural, também devem ser relançadas as licitações para a construção da Central de Utilidade, que será responsável pelo fornecimento de água e de energia destinadas ao empreendimento em Itaboraí. A expectativa é que a unidade entre em produção no quarto trimestre de 2018, no mais tardar no primeiro trimestre de 2019.

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