Por tabata.uchoa

Rio - A crise financeira que motiva a greve dos funcionários da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), há mais de três meses, ultrapassa os portões da instituição. Sem o movimento normal de alunos e professores, comerciantes da região começaram a fechar as portas e moradores relatam aumento da violência. 

“A gente vendia cerveja até 2h da madrugada. Agora, fechamos às 18h e não servimos mais almoço nenhum. Uma lanchonete ao lado fechou e outro restaurante já está para fechar”, reclamou Cristina Farage, 49 anos, dona de um restaurante em frente à Uerj, na Rua São Francisco Xavier. Ela sentiu queda de 70% no faturamento. “Em 1991, teve uma greve geral de sete meses, ninguém vinha, e essa está igual”, lembrou.

Pascoal Souza aproveitava ontem o vestibular para vender amendoim e compensar a queda na clientelaSandro Vox / Agência O Dia

O ambulante Pascoal Souza, de 65 anos, chegava a vender 300 pacotinhos de amendoim na porta da universidade, em dias de aulas, antes da paralisação. Ele diz que, desde o início da greve, amarga perdas de 30% nas vendas. “Agora tenho que me contentar com quem passa na rua. Tem dia que não consigo vender nada aqui e procuro outros pontos”, comentou ele, há 40 anos no local.

Moradores reclamam que, com as ruas mais vazias, criminosos aproveitam para roubar. Um homem, que pediu para não ser identificado, denuncia que passou a ver jovens de bicicleta assaltando. Segundo ele, os roubos são comuns à noite, durante à semana, de manhã e à noite, nos fins de semana. “Geralmente são grupos de cinco ou seis”, comentou o morador. A PM informou que o policiamento no local é realizado com viaturas, a pé e rondas nas proximidades da UERJ.

DIA DE VESTIBULAR
Ontem, dia de vestibular na Uerj, candidatos comentaram que as salas de provas e a maioria dos banheiros tinham boas condições de limpeza. No entanto, O DIA constatou estado de conservação precário que deixava o banheiro masculino do térreo do prédio principal sem condições de uso. Além de odor, sujeira, paredes pichadas e do chão alagado, os mictórios estavam interditados, a torneira jorrava água sem parar e um vaso sanitário entupido tinha urina até o topo. Procurada, a Uerj não respondeu até o fechamento desta edição.

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