Por clarissa.sardenberg

Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu nesta sexta-feira a prisão
preventiva do ex-prefeito de Itaguaí Luciano Carvalho Mota e parte de sua administração por desvios de bens públicos e inserção de dados falsos em sistema de informações. Segundo a denúncia oferecida pelo MP, ele era visto pelas ruas da cidade pilotando uma Ferrari amarela. Seis vereadores do município, o ex-diretor de Informática da prefeitura, David Brites de Macedo e o ex-secretário municipal de Administração, Fuad Sacramento Zamot também foram indiciados. Ao todo, 121 pessoas foram denunciadas, 112 “funcionários fantasmas”, que devem responder por peculato.

O esquema implementado pelo grupo desviou R$ 1.206.918,32, referente a pagamentos de “salários” dos meses de janeiro a março de 2015, apesar da ausência de qualquer vínculo formal e legal dos “funcionários fantasmas” com o Município.

Os "vencimentos" foram depositados a mando de David e Fuad nos dias 6 e 27 de fevereiro e 30 de março do ano de 2015, nas contas correntes do Banco Itaú. De acordo com o MP, esses dados são apenas de 2015 e o rombo pode ser maior.

A mando do então prefeito Mota, o ex-diretor e o ex-secretário inseriram dados falsos no sistema
informatizado da folha de pagamento da Prefeitura de Itaguaí. Os "funcionários fantasmas" nem ao menos tinham qualificação profissional mínima exigida e não desempenharam qualquer função relacionada ao cargo que ocupavam. Não havia nem ao menos um edital que "regularizasse" os cargos apontados nos contracheques.

Já os vereadores recebiam parte dos “salários” destinados a seus “apadrinhados” que, em sua maioria, sacavam praticamente o valor total da suposta remuneração, em espécie, na boca do caixa, para em seguida repassar aos "padrinhos" do esquema.

'Funções bizarras'

A denúncia foi apresentada pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Institucionais e Judiciais, Alexandre Araripe Marinho, por delegação do procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira. O MP destacou que as pessoas investigadas nem ao menos conseguiram descrever que atividades desempenhavam na Prefeitura de Itaguaí, alegando que trabalhavam em "funções bizarras."

Atividades como fiscalização de ilhas, monitoramento visual de postes de iluminação, verificação do volume de águas de cachoeiras, controle dos buracos das ruas da cidade ou até medição da temperatura da água dos bebedouros das escolas municipais. Por elas, recebiam salários de R$ 5 mil a R$ 15 mil.

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