Por gabriela.mattos

Rio - "Para fugir dos tiros é melhor andar por baixo e evitar o teleférico. Em cima somos alvos fáceis”. O desabafo é de uma moradora do Complexo do Alemão, que em pouco mais de quatro meses sofreu pelo menos 33 paralisações por medida de segurança. Ao todo, foram 84 horas e 30 minutos de interrupção do transporte. O número foi registrado entre os dias 8 de março e 12 de agosto. Sexta-feira parou por três horas e meia, por causa de um tiroteio entre traficantes e policiais da UPP Nova Brasília. Um PM ficou ferido.

Os seguidos tiroteios têm alterado a rotina dos moradores, que acabam evitando o teleférico e subindo ou descendo a pé. De dez mil a 12 mil pessoas usam o meio de transporte por dia na região. Segundo eles, vidros já foram atingidos. “Várias vezes o teleférico para com passageiros. É uma sensação desesperadora. Mudamos o hábito para não correr risco e descemos o morro a pé”, afirmou Cleide Alves, 35 anos.

Com paralisação do serviço%2C moradores têm que subir a pé até o alto do morro%2C rotina pesada para muitosSandro Vox / Agência O Dia

Uma das que mais sofrem com os seguidos tiroteios e paralisações do teleférico é a também dona de casa Gemir Cesário, 58, nascida e criada na região. “As pernas doem bastante”, conta ela, que com o teleférico gasta menos de 20 minutos para chegar ao alto do morro. Sem ele, é uma caminhada exaustiva de uma hora e meia. “Esse é o preço que pagamos por viver numa guerra que não vai terminar nunca”, lamentou.

Segundo a Secretaria de Transportes, o contrato de operação do Teleférico prevê paralisação do serviço por eventos climáticos e risco à segurança pública. Disse ainda que não há informações sobre equipamentos danificados por projétil. O teleférico é administrado pelo ‘Consórcio Rio Teleféricos’ desde o dia 8 de março. Antes, a manutenção era da SuperVia.

Você pode gostar