Por gabriela.mattos

Rio - Terminou em tragédia uma tentativa de campanha eleitoral em comunidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Um cabo eleitoral foi torturado e morto por traficantes. A esposa do candidato e outro integrante de sua equipe de campanha teriam sido agredidos, mas liberados pela quadrilha. Alex Martins da Silva, o Alex do Gás (PMDB), conseguiu escapar do cerco dos bandidos no Parque Esperança, mas não é encontrado na cidade. O crime aconteceu na noite de domingo. No entanto, o corpo do cabo eleitoral Alan Moreira, de 29 anos, foi encontrado apenas ontem à tarde na comunidade, segundo parentes. O pai de Alan e um policial militar que participou da operação o teriam reconhecido.

De acordo com informações de parentes e amigos de Alan, o motivo do crime teria sido a recusa do candidato em pagar uma espécie de ‘pedágio’ criado por traficantes para quem quiser fazer campanha eleitoral na comunidade. A polícia, porém, não confirma esta informação, que ainda está sendo investigada. Amigos e familiares contam que Alan acompanhava Alex do Gás quando a equipe foi surpreendida pelo bando em frente a um galpão de gás, que já pertenceu ao político. Eles foram levados para o alto do morro. Alex conseguiu fugir por uma ribanceira.

Alan Moreira%2C de 29 anos%2C trabalhava na concessionária Porto Novo e era amigo do candidato Alex do GásReprodução

Amigos relatam que a mulher do candidato chegou a ser agredida. Há informações, ainda não confirmadas pela polícia, de que Alan foi morto ao ser confundido com policial militar e miliciano. Titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que foi acionada para o local ontem à tarde, o delegado Giniton Lages informou que o candidato do PMDB será ouvido em breve. Mas o dia e o horário não foram informados.

Agente de trânsito

O cabo eleitoral trabalhava como agente de trânsito da Concessionária Porto Novo. E a família pede justiça. “Foi um ato de muita covardia e não posso deixar isso impune. Ele voltava de um churrasco, onde faziam uma campanha política quando foram pegos e levados para o alto da comunidade. Executaram meu irmão porque achavam que ele era policial e miliciano. Só não mataram o Alex porque ele fugiu e depois soltaram os outros dois. Os traficantes não queriam entregar o corpo do meu irmão”, lamentou um parente bem próximo. Este ano, 13 candidatos já foram vítimas de violência na Baixada Fluminense.

Políticos devem evitar área perigosa

Para o fundador do Bope, coronel Paulo Amêndola, candidatos devem evitar comunidades de risco em qualquer região. “Infelizmente, para fazer uma campanha eleitoral em alguns bairros, candidatos se submetem ao pagamento de taxas e fazem acordos com bandidos. Quem não aceita sofre retaliação. Não sei se é o caso deste candidato, mas é uma situação grave. Não há como o político bancar sua própria escolta. É melhor prevenir”, lembrou.

Já para o coronel Paulo César Lopes, considerado ‘linha-dura’, este tipo de crime faz parte do histórico negativo da região. “Típico da Baixada que ostenta nitidamente características medievais, feudais, prevalência do obscurantismo e forças do poder sob o domínio do mal. A ordem é a desordem. Carece de uma intervenção para restauração da ordem e submissão ao império da lei”, afirmou.

Amigos planejavam protesto por corpo de jovem

Momentos antes de Alan ser encontrado morto pela polícia, amigos do jovem planejaram fazer uma manifestação na região para pedir aos traficantes que entregassem o corpo para os familiares enterrarem.

Um parente contou que a família está arrasada. “Foi muita covardia. Ele era amigo do candidato Alex do Gás. Era um rapaz tranquilo, calmo, um anjo, que tinha o sonho de ter o próprio negócio”, lembrou.

Por meio das redes sociais, amigos relataram sua indignação. “Revolta, dor, tristeza. Foi brutalmente tirado de nós. Foi bom amigo, bom filho, homem como poucos”, disse, revoltada, uma amiga de Alan.

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