Por gabriela.mattos

Rio - Assim como não honrou seu compromisso com as pessoas, o fechamento do Lixão de Gramacho também não cumpriu as promessas ambientais. Desde sua instalação em 2012, a Gás Verde S/A — empresa vencedora da licitação para comercializar o biogás gerado na decomposição da matéria orgânica no aterro —,tem sido apontada como responsável pelo vazamento de chorume e outras substâncias tóxicas no rio Sarapuí e na Baía de Guanabara.

Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) fizeram notificações à Gás Verde. Na última delas, em março, uma engenheira ambiental do órgão relatou que era evidente o vazamento de chorume para o mangue e para a lagoa, uma vez que o dique implantado para conter o volume de chorume ao redor da lagoa se rompeu.

Morador procura comida no aterro de Gramacho%3B vazamento vem prejudicando até os pescadoresSeverino Silva / Agência O Dia

A sequência de crimes ambientais, alvo de ações do Ministério Público Federal (MPF) e da Delegacia de Duque de Caxias, tem comprometido tanto a pesca na região que pescadores entraram na Justiça pedindo indenização pelas perdas. Afirmam eles que desde janeiro a redução de pescado na região afeta suas atividades. Antes pescavam em média de 60 a 80 quilos de curvinhota, por noite, e agora passou para 5 a 6 quilos, além do sumiço de tainhas, robalos, xererete, guete, piraúna, pescadinha e camarões.

“Os danos advindos de tais condutas não estão limitados ao meio-ambiente. Repercutem na atividade pesqueira dos que trabalham na região afetada pela poluição do mangue e da Baía de Guanabara. A área não foi devidamente recuperada. Os prejuízos ao meio ambiente e à atividade dos pescadores permanecem”, afirma o advogado do pescadores, Márcio dos Santos Silva. Em uma das ações, o MPF destaca que o monitoramento de chorume no aterro é insuficiente, pois não abrange áreas essenciais para a análise e prevenção de riscos ambientais.

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