Por gabriela.mattos

Rio - Lista com a avaliação de 2015 do Enem mostra poucas diferenças com relação ao ano anterior: as escolas públicas de Ensino Médio permanecem muito aquém das concorrentes da rede privada. No Rio de Janeiro, o destaque continua para o Colégio Pedro II, da rede federal, que tem sete unidades entre as 20 primeiras públicas do estado. A líder é a unidade de Niterói, que aparece em 9º lugar no ranking nacional das públicas — na edição anterior, a escola conquistou a 24ª posição.

Apesar disso, ao avaliar todas as instituições juntas, as públicas ainda perdem feio para as da rede particular. Das 100 escolas com as maiores notas médias em nível nacional, somente três são públicas — nenhuma delas do Rio. Da rede estadual por aqui, apenas o Colégio de Aplicação da Uerj (Cap-Uerj) se destaca. Comparando as redes estaduais de todo o Brasil, porém, o Rio ficou com a 7ª maior média geral do Exame. “Já avançamos em algumas áreas e estamos investindo para a melhoria constante dos indicadores, mas ainda há muito a fazer”, declarou o secretário estadual de Educação, Wagner Victer.

Veja o ranking com as 20 melhores escolas da rede privada

Veja o ranking com as 20 melhores escolas da rede pública

Melhor infra-estrutura, alinhada a mais projetos pedagógicos e boa remuneração, são base fundamental para bom desempenho, aponta a pedagoga e professora de Metodologia do Ensino da Uerj, Sonia Simões. Ela explica que as escolas federais e técnicas se destacam pela maior valorização do ensino, do professor e dos funcionários em geral. “Na estadual o diretor fica muito limitado às ordens da secretaria e não oferece cursos de reciclagem para os professores, e no geral, não apresentam projetos que unem a comunidade acadêmica aos familiares, por exemplo, sem contar o baixo salário. A secretaria tinha que repensar nesse nível também, não só em mudança curricular”, criticou.

Marcelo Caldeira, diretor geral do Campus Niterói do Colégio Pedro II, revela que o bom desempenho de seus alunos é o resultado de um trabalho iniciado já no primeiro ano do Ensino Médio. “Nosso currículo é bem diversificado. Além das aulas de aprofundamento para Enem e Uerj, com quatro tempos extras por dia, os alunos têm aulas de Música, Artes Visuais, Filosofia e Sociologia desde o primeiro ano. Isso ajuda muito na interpretação das questões que vão encarar no Enem”, conta.

Tradicionais escolas privadas como São Bento, Cruzeiro e Santo Inácio figuram entre as 20 mais bem avaliadas no estado, mas é da Região Serrana o posto da melhor pontuada no Enem. O Colégio Ipiranga, de Petrópolis, ficou na 12ª posição no ranking nacional.

Avaliação leva em conta o nível social

A avaliação, feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), soma as notas de 1.212.908 estudantes de 14.998 escolas. Como a participação no Enem é voluntária, os resultados devem ser levados em consideração com certa cautela, explica o Inep.

Quatro indicadores devem ser ponderados: o Indicador de Nível Socioeconômico (Inse) dos alunos, o Porte, o Indicador de Formação Docente e o Indicador de Permanência do Aluno, relacionados às escolas.

“O que é preocupante nesses resultados é que o Enem por escola demonstra o quanto o Brasil reproduz desigualdades, entre as escolas privadas e as públicas. As que vão bem são escolas de elite”, pontua Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

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