Rio - "Nossas vidas foram destruídas por esse monstro”. O desabafo da jornalista Fernanda Pimentel, de 33 anos, resume a revolta de parentes e pessoas que se dizem vítimas do ex-ortopedista e traumatologista Fernando César Lamy Monteiro da Silva. O médico teve o exercício profissional cassado na terça-feira pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Fernanda é filha da bancária Ana Márcia Pimentel, 49, que morreu horas antes de se submeter à segunda cirurgia com Lamy (para reparação da primeira), no mesmo dia.“Mantenho a minha sanidade com terapia. Meu irmão toma remédios e tem depressão”, revela Fernanda, que, assim como outros familiares, lutam agora para ver o ex-médico preso.
“Lamy me aleijou”, desabafa a psicóloga Mariza de Pinho, 63, operada em 2007 para curar hérnia de disco. “O procedimento, que duraria menos de meia hora, se estendeu por quase seis horas. Saí com a perna esquerda paralisada devido a rompimentos de ligamentos na coluna e queimaduras no nervo ciático com laser”, lembra a psicóloga.
O ex-ortopedista é investigado pela 26ª DP (Todos os Santos) por, pelo menos, oito mortes e seis casos de lesões graves. Denunciado à Justiça por homicídio culposo, pela morte de Marcelo Costa, 37, morto em 2012 numa cirurgia na coluna lombar, o médico teve o registro cassado pelo Cremerj em 2014, mas continuava atendendo, conforme a reportagem comprovou em vídeo. As matérias levaram o acusado à prisão, mas ele pagou fiança no mesmo dia e responde em liberdade.
Para o advogado Elias Gabbay, que representa Susan, esposa de Marcelo, a morosidade na apuração dos casos pela Polícia Civil revolta parentes e supostas vítimas. “O inquérito foi enviado ao Ministério Público, que o mandou de volta à 26ª DP, solicitando mais detalhes nas investigações. Está parado. Enquanto isso, minha cliente sofre com depressão e sequer sai de casa”, critica.
Familiares de possíveis vítimas, como o aposentado Sérgio de Oliveira, 79, que morreu em 2012, se desesperam. “Meu sogro morreu por causa dele (Lamy)”, afirmou o comerciante Sidney Magalhães, genro da vítima.
O DIA não conseguiu falar com advogados de Lamy, que nega as acusações. Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil não havia respondido o pedido de informações sobre os casos.
Falsa médica presa na Barra
Uma mulher que se passava por ginecologista e obstetra foi detida na tarde de ontem, no centro empresarial do BarraShopping, na Barra da Tijuca. De acordo com informações do 31º BPM (Recreio), ela foi detida por exercício ilegal da Medicina.
A suspeita — que até a noite não tinha tido a identificação revelada pela polícia — utilizava a carteira do Conselho Regional de Medicina (CRM) de outra profissional. A ocorrência foi registrada na 16ª DP (Barra da Tijuca).
Segundo a assessoria de imprensa do BarraShopping, o centro empresarial é independente do shopping, por isso, cada loja e clínica “responde por si mesma”.
A Polícia Civil vai tentar identificar vítimas da golpista por câmeras e convocá-las para depoimentos.
