Por clarissa.sardenberg

Rio - O secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, pediu exoneração do cargo, segundo o governo do Rio nesta terça-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do governo, Beltrame pediu para deixar a Pasta depois do segundo turno das eleições. O substituto para o cargo ainda não foi escolhido, segundo o governo. Beltrame ocupou o cargo por 10 anos.

Beltrame irá deixar Secretaria de Segurança após o segundo turno das eleiçõesEstefan Radovicz / Agência O Dia

Em conversa com jornalistas, nesta terça-feira, o governador licenciado do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou que falou "rapidamente" com Beltrame sobre sua saída. Ele afirmou que o secretário o "poupou" por conta do seu estado de saúde e não quis entrar em detalhes e ainda não sabe se o assunto foi mencionado com o governador em exercício Francisco Dornelles.

"Se possível vou pedir para ele ficar até o fim do governo, mas não posso exigir isso de uma pessoa que já está no cargo há 10 anos. Eu me preocupo muito, porque ele está cansado", afirmou Pezão.

O pedido de demissão de Beltrame ocorre após as UPPs Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul, sofrerem ataques e moradores passarem por um intenso dia de tiroteios nesta segunda-feira. Três suspeitos foram mortos e três policiais feridos, entre eles o comandante da unidade policial, o capitão Vinicius Apolinário de Oliveira. Oito bandidos foram presos.

Em maio deste ano, o gaúcho já havia admitido que estava cansado e que a crise no estado fez com que ficasse "desanimado". Na ocasião, Beltrame classificou a situação do Rio como "situação de miserabilidade".

Polêmicas

Após anos no comando da Segurança do estado, ele provocou polêmica ao defender diante da CPI dos Autos de Resistência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), uma mudança real na política de combate às drogas. Essa não foi a primeira vez que o secretário se mostrou favorável a regulamentação de substâncias de uso proibido como solução para reduzir a violência no Rio.

"O combate às drogas, hoje, é uma coisa irracional. O estado tem que se preparar para tratar o jovem (usuário). Descriminalizada (a droga) já é. É preciso regulamentar. Estive em Portugal para ver como funciona isso lá, e funciona maravilhosamente. É preciso tentar aqui", falou Beltrame na ocasião. "O Estatuto é maravilhoso. O problema é que ele vira sempre questão de polícia. Eu não tenho problemas em vir aqui à Alerj abrir as vísceras da segurança pública. Mas a Assistência Social faz o mesmo? A Educação? Quanto é investido? A gente precisa discutir isso também", afirmou ele. 

Carreira

José Mariano Beltrame nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e antes de assumir o cargo fez carreira como delegado da Polícia Federal (PF). Ele veio para o Rio a convite do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). O gaúcho completaria em novembro 10 anos no comando da Pasta.

Ele foi responsável por implantar a política das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que teve início em 2008, com escalada nas ocupações do Complexo do Alemão, em 2010, e da Maré, em 2013, e que terminou somente em 2015.

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