Por clarissa.sardenberg
Rio - Em meio às tensões entre presos que culminaram nas mortes de pelo menos 90 detentos desde o começo do ano em presídios da Região Norte do país, o clima não é diferente no Rio, o que pode transformar as unidades prisionais do estado em um verdadeiro barril de pólvora. Presos do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, divulgaram no sábado um vídeo nas redes sociais denunciando as péssimas condições de higiene das celas e dos banheiros, além da falta de água potável para consumo.
Nas filmagens aparecem quatro homens com rostos encobertos por camisas brancas que exibem sacos de lixo amontoados ao lado de um cano usado para banhos, paredes cobertas por lodo e recipientes que servem para armazenamento de água, completamente vazios. Uma garrafa com água de beber suja também foi mostrada no vídeo feito pelos detentos.
Homens com rostos encobertos por camisas aparecem nas imagens em vídeo no Complexo Penitenciário de GericinóReprodução Internet

Ontem, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) admitiu ao DIA que o Complexo Penitenciário de Gericinó, em bangu, na Zoa Oeste do Rio, enfrenta problemas relacionados ao abastecimento de água.

Para solucionar o caso, a pasta prometeu enviar caminhões pipa ao local. A medida foi tomada após o surgimento do vídeo dos detentos nas redes sociais.
A revolta dos detentos preocupou a secretaria que, apesar de afirmar que o clima é de normalidade nas unidades, informou que já adotou medidas como a transferência de internos visando afastar o risco de rebeliões.

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De acordo com a Seap, os detentos que aparecem no vídeo foram identificados e serão transferidos para a Penitenciária Laercio da Costa Pelegrino, conhecida como Bangu 1.
Esta unidade, criada em 1987 para abrigar os bandidos mais perigosos, estaria dando espaço a detentos em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) ou que tenham cometido falta disciplinar grave.
Após uma briga entre líderes de uma facção criminosa, 500 presos que cumpriam pena na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4) e no Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, em Niterói, teriam sido transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques (Bangu 10), também no Complexo de Gericinó.
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Um tumulto ocorrido nos últimos dias também acendeu o alerta dos agentes na Penitenciária Lemos de Brito (Bangu 6). Integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) teriam tentado acessar uma galeria onde estão presos ex-policiais militares e milicianos. Após o episódio, advogados teriam exigido a transferência de parte dos detentos para evitar uma divisão dentro da unidade.
Questionada pelo DIA, a secretaria informou que a coleta de lixo está normal e que uma sindicância foi aberta para apurar como o celular utilizado para a filmagem entrou no presídio de segurança máxima.
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Alegando medidas de segurança, dados sobre a transferência dos presos e possível tumulto em uma das penitenciárias não foram divulgados.