Por rafael.nascimento
Rio - O casal Júnior Santos e Maycon Aguiar recebeu um recado homofóbico e racista na última sexta-feira, na casa onde moram há um mês em um condomínio, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte. Com duas páginas e repleta de erros de português, a carta cita valores religiosos deturpados e pede que os dois se mudem.

"Poupe-nós (sic) e nossos filhos de conviverem com gente da laia de vocês! Gente de cor e ainda por cima afeminada não está no nível dos moram (sic) aqui por favor se retirem!", diz um trecho do recado - que também afirma que "Deus não criou o homem para se relacionar com homem ou mulher com mulher", diz trecho do bilhete.

Carta com ameaças recebida por casal gayReprodução

Rodrigo Oliveira, amigo do casal no Facebook, afirma que sua irmã mora no mesmo condomínio com a companheira e que elas já foram vítimas de difamação por uma vizinha. "A questão é: existem câmeras dentro do condomínio. Acredito que duas, especificamente. Estão sob o controle da vizinha processada outrora e mais outras pessoas. São 10 casas", escreveu Rodrigo. Segundo ele, sua irmã move processo formal contra a vizinha na Justiça.

O casal Júnior e Maycon — que mora no local há pouco mais de um mês — no mesmo dia foram até a 27ª DP (Vicente de Carvalho) para registrarem um boletim de ocorrência. No entanto, ao chegarem ao local, eles foram informados de que nada poderia ser feito no caso, já que não há assinatura ou nomes na carta. Ainda de acordo com as vítimas, um inspetor teria sugerido que eles "deixassem o caso para lá".

O servidor público Maycon Aguiar%2C de 23 anos e companheiro, o professor Júnior Santos%2C de 24 Reprodução

O policial teria dito ainda que era para eles fazerem "uma petição ao delegado para que o caso fosse registro", mas que, provavelmente, esse pedido seria negado.

DIA procurou a assessoria de imprensa da Polícia Civil para que a corporação comentasse o caso. O delegado Luiz Jorge Rodrigues da Silva, titular da 27ª DP, informou que atenderia o casal, pessoalmente, na tarde desta quarta-feira na sede da distrital. 
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No final da manhã desta quarta, os rapazes foram até a delegacia, conversaram com o delegado e decidiram, momentaneamente, não registrar um Boletim de Ocorrência (BO). De acordo com a Polícia Civil, o casal têm 120 dias para registrar um BO.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento, com informações da Agência Estado
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