Por gabriela.mattos
Rio - Na época do ano em que deveriam atrair mais gente, devido ao calorão do verão e às férias escolares, os dois piscinões da Região Metropolitana estão em situação precária. Um deles, o de São Gonçalo, nem água tem. No lugar em que deveria ser o lago para refrescar os moradores da região, o mato até já cresceu.
Inaugurada em 2010 pelo governo estadual, a área de lazer do município do leste fluminense está em completo abandono. Os quiosques estão fechados, a iluminação precária e brinquedos quebrados. Até as roletas da entrada do local, que não tem seguranças, estão desativadas e corroídas pela ferrugem.
No lugar de água limpa para refrescar os moradores no verão com calor intenso%2C o Piscinão de São Gonçalo só tem terra%2C lama e matoEstefan Radovicz / Agência O Dia

O administrador do espaço, Ronaldo Galdino, diz que é triste ver um espaço tão importante para São Gonçalo sem a merecida atenção. Ele reconhece que o atual momento das contas do estado não permite melhorias, mas diz que o governo tenta parcerias com com a iniciativa privada e a Prefeitura de São Gonçalo para reativar os quiosques e levar a Guarda Municipal. Isto porque furtos e vandalismo são outros problemas, que pioram o que está difícil de manter.

Publicidade
No banheiro feminino, por exemplo, foram roubadas torneiras das pias e dos chuveiros. No lado de fora, os 15 ‘chuveirões’ ao redor do Piscinão também foram alvo de furtos e estão desativados.
Piscinão de São Gonçalo antes de ser esvaziadoEstefan Radovicz / Agência O Dia

O aposentado Almir Carvalho, 69 anos, que vai ao Piscinão caminhar diariamente, lamenta a atual situação. “Quando tinha água no Piscinão ficava cheio de gente, hoje quase ninguém vem. Os espaços para as crianças são poucos e ficam no sol estragando. Funcionário a gente vê um ou outro. Uma pena, quem mora aqui perto precisa desse lazer. Eu ainda venho, mas podia melhorar”, relata ele, reclamando também dos quiosques fechados. “Ou você traz água ou bebe no bebedouro, quando tem”.

O motorista Sidney Cunha, de 62 anos, diz que é a única opção de São Gonçalo para quem gosta de correr. Ele continua fazendo suas corridas no local, mas lamenta que não haja mais estrutura para que a população tenha uma área de lazer mais completa.

Sidney Cunha continua frequentando o Piscinão de São Gonçalo%2C mas só para correrEstefan Radovicz / Agência O Dia

Do outro lado da Baía de Guanabara, em Ramos, a situação é melhor porque tem água no piscinão, mas os frequentadores também reclamam da falta de manutenção do local, que é de responsabilidade da Prefeitura do Rio. Uma das reclamações é o mau cheiro, causado, segundo eles, por uma tubulação de esgoto que estourou próximo à faixa de areia. “Mesmo com esses problemas, a gente continua vindo para cá porque é a única opção. Com as crianças fica muito caro ir para a Zona Sul”, diz José da Silva, morador de Ramos há 52 anos.

Lugar de descanso e muito apreciado pelo cantor e compositor, Dicró, o Piscinão mudou de nome, oficialmente, em 2013, e passou a se chamar Parque Ambiental Carlos Roberto de Oliveira ‘Dicró e no mesmo ano uma estátua seria colocada no calçadão, mas até hoje, nada foi feito.
Publicidade
O piscinão de São Gonçalo tem 100 mil metros quadrados de área total e 60 mil metros quadrados de área construída. A praia artificial, cujas águas eram captadas da Baía de Guanabara e tratadas, tem volume d’água de dez mil metros cúbicos, profundidade de até um metro e meio e capacidade para receber até 13 mil pessoas.
Lotado nos fins de semana

Ao contrário do Piscinão de São Gonçalo, o de Ramos continua cheio nos fins de semana. A aposentada Alzira Cristina Lopes, 48 anos, mora em Cordovil, mas não sai de lá. “Não troco por Zona Sul nenhuma. Aqui não tem arrastão, tudo é mais barato e de noite ainda tem um pagode”, exalta.
Publicidade
A animação contrasta, no entanto, com problemas na infraestrutura. Os banheiros públicos não estão funcionando. Para se aliviar, só consumindo nos quiosques ou dando um jeitinho. “A gente divulga o cardápio dos quiosques e, em troca, eles liberam o banheiro pra gente e para os nossos clientes”, conta Debora Rosa, 38 anos, funcionária de barraca na areia.
Alzira Lopes sempre leva a neta para aproveitar o dia em RamosEstefan Radovicz / Agência O Dia

Atendente da Barraca da Cecília, Debora Rosa, 38 anos, conta que os funcionários das barracas, que ficam na areia, fazem parceria com os dos quiosques, no calçadão, pois somente eles têm banheiros. “A gente divulga o cardápio deles aqui e em troca eles liberam o banheiro pra gente e para os nossos clientes. Aqui um ajuda o outro”, conta.

A Prefeitura do Rio informou que está revendo todos os contratos de manutenção e levantando as questões de conservação, que ficaram paradas na gestão anterior, para tomar providências. A Rio-Águas diz que a água do Piscinão está dentro do padrão do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Publicidade
Reforma foi anunciada em 2015
Uma licitação para a reforma do Piscinão de São Gonçalo chegou a ser anunciada em 2015, na gestão do então secretário estadual de Esporte e Lazer, Marco Antônio Cabral,com investimentos de R$ 4 milhões. Procurada pelo DIA, no entanto, a secretaria não respondeu se houve a licitação e nem quais são os planos para aquela área. Segundo funcionário do local, o lago foi esvaziado em março do ano passado.
Publicidade
A reforma incluiria o conserto de banheiros, implementação de novos sistemas de sonorização, iluminação e monitoramento por câmeras, recuperação do palco de shows e dos brinquedos, substituição das portarias, além da instalação de um novo posto médico.
Procurado, o prefeito José Luiz Nanci diz que há uma intenção de melhorar o espaço, mas o orçamento da prefeitura não permite parcerias no momento. “Pegamos a administração com quase R$ 600 milhões de déficit.”