
A sensação de insegurança está aumentando. O que o senhor tem a dizer à população sobre isso?
Também sinto muito quando percebo que os índices de criminalidade estão em elevação e, por mais que as polícias estejam atuando, mesmo no alto de uma crise, isso não esteja se refletindo no aumento de sensação de segurança, é muito ruim para todos nós. Posso dizer que não vai faltar esforço, tempo, saúde para reverter o quadro.
A polícia prende muito criminoso reincidente. Outra prova de que a polícia está trabalhando é que apreende 25 armas de fogo por dia. O policial arriscou sua vida para tirá-las de circulação. Tenho orgulho desses policiais, são meus herois. O brasileiro é um povo violento, no país todo. E a demanda da violência está tão grande que as ações heróicas não estão se convertendo em sensação de segurança. Tem alguém fazendo algo, tem ‘alguéns’ tentando diminuir a criminalidade.
Não tenho essa visão do filme. O citei como uma reflexão do quanto a gente deve se preocupar com quem está em combate. Mostrar que quem está com a missão operacional precisa do apoio em nível tático-estratégico. O meu recado foi para a PM e para o chefe da Polícia. Eu quis dizer: “Eu quero que o policial da UPP esteja protegido, assim como qualquer outro policial”.
Criei um comitê permanente de avaliação e deliberação. Quero criar indicadores que me digam como a UPP está indo e, se for o caso, medidas para voltar a ter um nível bom de patrulhamento, de confiança e de menos confronto. Claro que isso não depende só do policial. Uma vez que o criminoso tiver uma arma e quiser dar tiro, como impedí-lo? Preciso que os policiais estejam protegidos para tentar prender as pessoas que se incomodam tanto com o projeto e que querem desestabilizar o programa. O erro está no crime.
Tudo é possível. Mas pretendo que essa hipótese nunca seja cogitada, porque é um projeto que deu muito certo e temos que aperfeiçoar. A população residente nas áreas com UPP confiam nas unidades e as querem.
Os policiais da ponta têm que ser ouvidos pelo planejamento. É algo que falta, principalmente na PM. Meu auto de resistência foi quando era tenente do Bope. Nossa equipe foi resgatar um policial. Me orgulho muito.
A medida que têm acesso a armas de longo alcance, fartura de munições, explosivos, armas e uma lei benevolente aos crimes que eles praticam isso os torna mais ousados. A ousadia a gente percebe à medida que eles dão tiro em uma base, tentam invadir outra área rival, até porque tem um estado formal que tem que se contrapor a isso. Ainda não tenho dados para comparar com 2006. Estou propondo um endurecimento de penas ao Ministro da Justiça. Vou pedir para dobrar as penas e que o tráfico de armas seja considerado hediondo.
A ideia é fazer um tratamento do conhecimento que a informação sobre apreensão de armas possa gerar. Há muita arma com quem não deveria estar. Não é compreensível alguém que mata cumprir 10 anos de pena e sair no indulto de Natal. Acredito no homem, na ressocialização, mas temos que tratar de forma diferente os desiguais. Se cometeram crimes que fizeram mães chorarem, não é possível terem indulto no Dia das Mães.
As operações devem procurar não apenas uma resposta para dizer que está sendo feito algo. A polícia tem feito operações sistemáticas nesses locais. A polícia civil está fazendo investigações. Em relação a mortes de PMs tenho cobrado resposta imediata e institucional. O policial é o nosso maior patrimônio. Contra todo tipo de covardia o estado vai agir de forma institucional.
Tenho 33 anos de polícia. Não me refiro aos três meses como secretário de Segurança. Já fui em muitos enterros e enterrei muitos colegas. Fui no velório dos policiais do helicóptero que caiu. Mas sempre há representantes. As mortes de policiais me sensibilizam muito.
Sempre fui tratado com muito respeito. Só posso lamentar. Mas vida que segue. Tenho meu papel aqui.
Tive reunião com a Fetranspor e com o secretário de transportes. O governo não tem como pagar pelo RAS (serviço extra do policial). Há a possibilidade de ela pagar através do Proeis policiais extras para o patrulhamento em ônibus. Está sendo estudado.
Criamos grupo com agências de inteligência para agilizar o fluxo de informações e antecipar ações, como o deslocamento de criminosos.