Por tabata.uchoa

Rio - Apartamento de 433 metros quadrados, com quatro dormitórios, três suítes, três vagas na garagem e o mar de Ipanema a seus pés. Preço de venda: R$ 30 milhões, com condomínio mensal de R$ 9,8 mil. O mesmo imóvel pode ser alugado também por R$ 34 mil por mês.

“Mal acredito”, espanta-se o encarregado de obras Thiago Ferreira, de 31 anos, que mora em Nova Iguaçu, num apartamento de R$ 90 mil. “Só um desses dá pra comprar 342 do meu”, compara, sem conter o riso, fazendo contas no celular, “por curiosidade”. Perto dali, o frentista Alexandre da Silva, 37, contempla o Edifício JK, o segundo mais valioso, de R$ 27 milhões. “Teria que receber 29 mil vezes o que ganho para comprar um desses. Nem sonho”, diz, resignado.

Com características suntuosas, há centenas de imóveis desse naipe em oferta no Rio. Mesmo com preços estratosféricos, apartamentos e casas luxuosas, algumas até com pomar e dez banheiros, despertam interesse de investidores a cada dia. Alheios à crise, empresários e executivos de grandes corporações movimentam a compra e venda de mansões, cujas proporções causam curiosidade e espanto. Só para se ter ideia, eleito o mais caro do Rio, o Edifício Ana Carolina, de frente para o mar, no Leblon, tem cinco mega-andares, avaliados em R$ 155 milhões (R$ 30,8 milhões cada). Cada pavimento tem 385 metros quadrados, cinco vagas na garagem e quatro dormitórios. O prédio inteiro é de um único dono.

Mas se o interessado procurar, encontra “coisinhas mais baratas”, como uma mansão na Barra da Tijuca, no Condomínio Park Palace, em estilo neoclássico, por “apenas” R$ 15 milhões. Além de atrium (jardim em estilo romano), há garagem para seis carros no subsolo, sala de ginástica, dez banheiros, piscina, sala de bilhar, churrasqueira e pomar. “Ao contrário do mercado ‘comum’, que em 2016 teve 40 mil unidades devolvidas, os negócios de imóveis luxuosos se mantiveram estáveis, por ser um ramo bastante diferenciado”, justifica Luiz Ernesto, diretor da Imobiliária Novimovel.

Se o mercado de luxo já é bom, pode melhorar

Levantamento sobre imóveis de luxo da empresa de informações imobiliárias 123i considerou que Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea, Barra da Tijuca e Jardim Botânico, continuam tendo o metro quadrado mais caro do Rio, chegando a R$ 45 mil. Numa faixa de quatro quilômetros de distância, entre Leblon e Ipanema, ficam sete dos dez imóveis mais valorizados do país. Feito há 20 dias, o levantamento classificou os dez imóveis mais caros do país, servindo de referência internacional em relação a preços.

Marcos Correa, diretor comercial da Toiler Empreendimentos, atesta que as consultas para esses tipos de edificações voltaram a acontecer, depois de certa estagnação. “Isso é um indicativo de novas e reais possibilidades de fechamentos de altos acordos”, comemora Correa, ressaltando que só sua empresa tem aproximadamente 400 imóveis nessa faixa, alguns de R$ 30 milhões, para serem vendidos ou alugados.

Os investidores, sobretudo em coberturas, fecham negócios através de advogados, a sete chaves, em sigilo absoluto. “Por segurança”, diz o síndico de um prédio de cinco andares no Leblon. O síndico é proibido até de se identificar. Nas portarias, câmeras registram todo e qualquer movimento, enquanto seguranças particulares anotam até placas de carros que estacionam nas proximidades.

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