Por marlos.mendes

Rio - ‘Meu chapa, você pode tentar denunciar uma coisa ligada à campanha. Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia... Mas, nossas putarias têm que continuar”.

A mensagem com termos chulos e vulgares foi transmitida pelo ex-secretário de Saúde dos Governos Cabral e Pezão, Sérgio Côrtes para o empresário Miguel Iskin, dez dias antes de eles serem presos na Operação Fatura Exposta, que apura irregularidades na compra de próteses ortopédicas pelo Into e SES.

Sérgio Côrtes e dois empresários foram presos pela Operação Lava Jato. Eles são acusados de fraude em licitações e corrupçãoFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

O documento faz parte da denúncia a do Ministério Público Federal contra Côrtes, Skin e Sérgio Vianna Júnior, por “obstrução à Justiça”. Segundo o MPF, além de combinar versões que escondem boa parte dos crimes, ambos tentaram influenciar o depoimento de Cesar Romero (ex-subsecretário de Saúde que delatou o esquema). Skin chegou a se oferecer para pagar o advogado de Romero. “Sérgio Côrtes, Sérgio Vianna Júnior e Miguel Iskin embaraçaram a investigação criminal de infração penal que envolve a organização criminosa chefiada pelo então governador Sérgio Cabral, responsável pela prática dos crimes de corrupção, fraudes em licitação, cartel e lavagem de capitais, envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo estado do Rio de Janeiro”, escreveram os procuradores na denúncia.

Outro fato que chama a atenção na denúncia, é que Côrtes soube que a PF ia prendê-lo, antes de os agentes chegaram à sua casa, na Lagoa. “A influência de Sérgio Côrtes na máquina pública de persecução penal para o fim de conhecer investigações contra si e destruir elementos materiais que possam comprometê-lo é tanta, que no próprio dia da deflagração da fase mais ostensiva da Operação Fatura Exposta II, em 11 de abril, o denunciado soube antes da investida das autoridades e procurou se desfazer de provas”.

Na ocasião, câmeras do apartamento mostraram Côrtes recolhendo, às pressas, documento e escondendo em uma mochila.

MP pede R$ 3,1 bi de volta

O Ministério Público do Rio (MPRJ) abriu na terça-feira ação civil pública contra o ex-governador Sérgio Cabral e mais 29 réus — entre pessoas físicas e empresas para tentar a devolução de R$ 3,1 bilhões ao tesouro estadual. O valor seria referente a irregularidades cometidas no contrato de construção da Linha 4 do metrô.

A ação pede a indisponibilidade de bens dos acusados para o ressarcimento dos cofres públicos. O MPRJ pede também que os réus paguem indenização por danos morais coletivos no valor mínimo de R$ 30 milhões. A 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu na terça manter o ex-governador preso.

Demanda cresceu 15% em hospitais

Após vistoria às unidades de saúde federais, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) denunciou um ‘desmonte’ dos hospitais: falta de médicos e medicamentos e superlotação. Em resposta, o Ministério da Saúde informou que houve nos seis hospitais no Rio crescimento de 15% no atendimento de emergência (30.213) e de quase 20% em consulta ambulatorial (203.549) no primeiro trimestre de 2017, em comparação com igual período de 2016. Segundo a pasta, houve aumento de 13% nas cirurgias e de 10% nas internações. Houve 1 milhão de atendimentos nas seis unidades ano passado. O presidente do Cremerj, Nelson Nahon, contesta: “Vimos caos. Na oncologia, há espera de quatro meses para cirurgia”. Com dados do ‘Portal da Transparência’, o Cremerj apontou redução nos investimentos nos hospitais de 2015 para 2016. O ministério comunicou que mantém estável o repasse anual para o Rio, de R$ 1,2 bilhão. Com o custeio de pessoal, os recursos passam de R$ 3,3 bilhões. No ano passado, foram contratados 2,5 mil profissionais temporários.

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