Por thiago.antunes

Rio - A apreensão de um veículo que presta serviço para o aplicativo Uber, deixou o clima no setor de transporte ainda mais tenso em Volta Redonda, no Sul Fluminense, onde a nova alternativa de condução começou a operar no dia 10 de março e está sendo reprimida pelo governo municipal.

O carro, um Space Fox, foi o primeiro da região a ser apreendido, após uma operação da Guarda Municipal e agentes da Superintendência de Serviços Rodoviários (Suser) na tarde de quinta-feira, na Rodoviária Francisco Torres.

Ontem, pelo menos, 70 dos cerca de 100 automóveis veiculados à Uber na cidade fizeram uma carreata para protestar contra a prefeitura, deixando o trânsito lento nas principais vias do Centro, Vila Santa Cecília e Aterrado. Outras manifestações diárias estão previstas.

Carreata reuniu pelo menos 70 motoristas de Uber no Centro de Volta Redonda%2C deixando trânsito lentoDivulgação

Em nota, a direção da Uber criticou as ações da prefeitura e a apreensão do carro, alegando que qualquer apreensão é indevida, uma vez que o serviço se encontra respaldado por legislação federal, não cabendo aos municípios qualquer intervenção na circulação dos veículos.”

“As apreensões são ilegais porque os motoristas parceiros da Uber não só se encontram respaldos na legislação federal, como também na própria Constituição Federal. Reforçamos que nossos parceiros precisam ter os seus direitos constitucionais de trabalhar (exercício da livre iniciativa e liberdade do exercício profissional) preservados”, diz a nota.

No último dia 27, o prefeito Samuca Silva (PV) regulamentou o Decreto 5.167, de novembro de 2015, de autoria do então vereador Maurício Batista (PTN), que proibia Uber no município. O regulamento passou a determinar apreensão de veículos ligados a Uber e outros aplicativos semelhantes, sob pena de multa de cinco Ufivres (R$ 848,75) e apreensão. Caso haja reincidência, o valor da multa dobra e há nova apreensão. Fora taxa guincho de R$ 54 e diária de apreensão de R$ 32.

“Esse processo começou no outro governo. Não participamos”, alegou Samuca, em nota, ressaltando que a prefeitura está fazendo uma enquete sobre o assunto, através do link www.facebook.com/PrefeituraVR. “A partir deste levantamento, adotaremos estratégias e ações”. comentou.

Os motoristas da Uber ironizaram a consulta popular nas redes sociais. “Nunca vimos uma enquete em que uma mesma pessoa pode voltar quantas vezes quiser”, postou um condutor. Um colega dele alegou que Maurício Batista “era dono de táxis quando fez a lei, e hoje é assessor de Samuca”. “Absurdo”, criticou.

Autou admitiu ser assessor

O autor da lei que proibiu o Uber, Maurício Batista, admitiu ser assessor de Samuca Silva, mas negou que tenha tido influência na regulamentação de sua lei. “Eu fui taxista por 12 anos, antes de me dedicar à política, mas nunca tive frota de táxis”, garantiu.

Em entrevista recente, o presidente do Sindicato dos Taxistas do município, Clóvis da Silveira, disse que a lei só garante circulação de táxis e ônibus no transporte de passageiros. “Qualquer outra forma é clandestina e tem que ser combatida pelo poder público.”

Ontem, usuários de Uber manifestaram apoio à categoria pelas redes sociais. “A prefeitura está sendo arbitrária e jogando contra a população. Toda concorrência é saudável. Os preços da Uber são a metade dos táxis, que têm bandeirada mais cara que na Capital”, comparou o metalúrgico Paulo Silva, 47.

A professora Jeissa Santouro, por sua vez, diz que “há muitos automóveis com placas de fora” circulando pela Uber em Volta Redonda. “Eu não confio”, disse. A tarifa da UberX em Volta Redonda é R$ 2,50 (preço base) + R$ 1,30 (p/ Km) + R$ 0,15 (p/ min). Já a bandeirada mínima dos táxis, logo de saída, custa R$ 5,40.

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