Por gabriela.mattos

Rio - Os problemas na Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ) parecem não ter fim. Os estudantes voltaram a reclamar da falta de luz no campus após medidas anunciadas pela direção. Em 15 de maio, a reitoria divulgou uma nota dizendo que, em até dez dias, compraria lâmpadas e material elétrico para melhorar a iluminação no local. No entanto, após mais de um mês, os alunos afirmam que muitos locais da instituição continuam às escuras.

"Precisamos usar até lanterna para andar no campus à noite. Nada mudou e os relatos de assaltos no campus continuam", contou uma estudante de Relações Internacionais, que preferiu não ser identificada. Em maio, o DIA já havia divulgado vídeos que mostram a escuridão nos percursos dentro da universidade.

Por causa do constante problema, os alunos estão organizando um protesto, a partir das 13h30 desta terça-feira, na Praça da Alegria. Na convocação para o ato, os participantes definem a situação como "aterrorizante". "Continuamos andando na escuridão. O caminho até o ICHS é um breu. E isso sem falar no assédio que sofremos. Chega! Queremos luz e respeito", escreveram em rede social.

Em nota divulgada no site, nesta segunda-feira, a reitoria informou que cumpriu algumas das medidas anunciadas em maio, como a compra de 32 câmeras de segurança. Além disso, de acordo com a direção, dois tratores e 24 roçadeiras foram adquiridos para cortar a vegetação no campus.

A Rural admitiu que ainda não instalou as lâmpadas nos postes. De acordo com a universidade, o atraso ocorreu por causa da crise que atinge a instituição. "[As lâmpadas] chegarão com atraso de 45 dias em relação ao informado à comunidade em maio. A previsão é de que comecem a ser instaladas nesta primeira semana de julho", completou.

Estudantes fizeram um protesto, em maio, contra os casos de assalto e estuproReprodução Internet

Leia a íntegra da nota da Rural

?As crises política e social vividas por nosso país foram produzidas por processos políticos que levaram ao golpe e às medidas antissociais que nos atingem. Não podemos permitir que a responsabilidade desta situação seja transferida para o interior das instituições de ensino público ou das conquistas sociais.

Neste primeiro semestre de 2017, as universidades tiveram um corte de 40% sobre uma base orçamentária já comprimida nos anos de 2015 e 2016. Este contingenciamento impactou fortemente tanto em nosso custeio como em nosso investimento. Se o custeio (contas obrigatórias como luz, terceirizados e manutenção predial e das áreas abertas de nosso câmpus) representa o presente, pois se vincula a como chegaremos ao fim deste ano, o investimento se associa ao futuro, pois se vincula a gastos em obras e equipamentos. A ausência de recursos desta natureza desarticulará projetos que levam anos para amadurecer.

Inúmeras universidades públicas não terão recursos para honrar seus compromissos obrigatórios já em agosto deste ano. A UFRRJ apresenta estas contas obrigatórias em dia, mas com passivos em inúmeras outras obrigações.

Neste contexto, determinamos algumas prioridades: adquirir instrumentos que gerem segurança nos câmpus; pagar bolsistas e terceirizados; e manter as contas obrigatórias em dia (luz e água em especial).  Assim, compramos 32 câmaras de segurança instaladas em diversos pontos da Rural. As imagens serão monitoradas em uma central sediada no próprio P1, pavilhão da Administração Central. Adquirimos dois tratores novos e 25 roçadeiras para manter a vegetação sob controle. Mas ainda faltam as lâmpadas para os postes. Devido a deficiências que precisamos enfrentar, elas chegarão com atraso de 45 dias em relação ao informado à comunidade no dia 10 de maio. A previsão é de que comecem a ser instaladas nesta primeira semana de julho. Finalmente, deve-se registrar que temos com a Guarda Municipal o compromisso de monitorar permanentemente a ciclovia, a entrada do Instituto de Educação, CAIC e CTUR, em Seropédica. Sua ação já se faz sentir com a redução de ações violentas na área.

Em síntese, a conjuntura tão violentamente adversa causa impactos nas universidades públicas. Observamos inúmeras campanhas da mídia tentando nos responsabilizar pela crise. Internamente, nossas ações devem observar quem são nossos reais inimigos e não nos dividir e enfraquecer. A Administração Central da UFRRJ faz o que está ao seu alcance para que as restrições impostas pelo governo causem o menor impacto possível sobre a nossa universidade.

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