Por karilayn.areias

Rio - Por dois anos, o historiador Luiz Antonio Simas usou o espaço da página 2 do DIA para jogar luz em fatos e personagens que, apesar de presentes no cotidiano carioca, parecem muitas vezes invisíveis. Voltada para a Política, a Economia e a Segurança Pública, a imprensa frequentemente deixa de contar as histórias estreladas pelo homem comum, aquele sem gravata ou algema. Foi a estas importantes miudezas que Simas dedicou as crônicas que assinou neste jornal, de 2014 a 2016. Algumas ressurgem agora, reunidas no livro ‘Coisas Nossas’ (Editora Record), junto com textos inéditos. A obra vai ser lançada na Festa Literária Internacional de Paraty, na próxima sexta-feira.

Algumas das crônicas assinadas pelo autor no jornal%2C entre 2014 e 2016%2C estão na obra ‘Coisas Nossas’Divulgação

Entre as lembranças de figuras passadas e relatos dos dias atuais, muitos dos episódios narrados pelo cronista serão facilmente reconhecidos como parte do imaginário do Rio. A principal qualidade do autor é resgatar o encanto perdido do cotidiano carioca. “A ideia era fazer um certo tipo de crônica que dialogasse com a história da cidade. Especialmente aquela que está fora do cartão postal”, explica Simas.

É seguindo essa linha que o autor relata o alegre velório do cantor Blecaute, animado por marchinhas de Carnaval; as brincadeiras da antiga, como carniça e chicotinho queimado; a lendária explosão do depósito de armas e munição em Deodoro ou o roteiro dos aprazíveis botequins da Tijuca.

Com texto cheio de graça, Simas trata, na verdade, de tema muito sério. “É a disputa pelo espaço público entre a rua como ponto de passagem e circulação de mercadorias e a rua como ponto de encontro”, define.

Para esse objetivo, a crônica (“gênero carioquíssimo”, diz o autor), serve como uma luva-peça, aliás, tão antiga quanto alguns personagens lembrados no livro. “Mostra que, no meio dos acontecimentos que dão notícia na vida urbana, geralmente as piores notícias, os ‘desacontecimentos’ da vida das mulheres e homens comuns fazem, nas frestas, a vida na cidade ainda ser suportável”. Nunca o Rio precisou tanto disso.

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