Por gabriela.mattos

Rio - Agredida a pedradas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Maria da Conceição Cerqueira da Silva, 65 anos, mandou um recado, nesta quarta-feira, a uma jovem que sofreu ofensas religiosas dentro de escola, em São Gonçalo. A idosa afirmou que ela e Kethelyn Coelho, 15 anos, precisam se unir contra a intolerância religiosa.

"Kethelyn, vamos nos unir, porque eu também fui vítima e tenho idade para ser tua avó. Temos que aprender a respeitar a religião do próximo. Com fé em Senhor do Bonfim você vai ficar bem", disse Maria da Conceição, que participou de reunião na Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) nesta quarta.

O órgão informou que pediu para a 58º DP (Posse) colocar o termo 'intolerância religiosa' no boletim de ocorrência de Maria da Conceição. No dia do crime, a filha da idosa, Eliane Nascimento da Silva, de 42 anos, contou que ouviu uma vizinha gritar para sua mãe: "lá vem essa velha macumbeira, hoje acabo com ela".

A menina e o pai foram recebidos na Secretaria de Direitos HumanosMaíra Coelho / Agência O Dia

Depois, a idosa foi acertada por uma pedra, que teria sido atirada pela vizinha, identificada apenas como Jéssica. A vítima teve ferimentos no rosto, na boca e no braço. Segundo Eliane, ela e a mãe costumam ser ofendidas por vizinhos por serem umbandistas.

Já Kethelyn relatou que sofre ofensas religiosas desde o início de 2016, quando começou a cursar o Ensino Médio no Colégio Estadual Manuel de Nóbrega. A adolescente contou aos pais que um menino, 15 anos, passou a proferir ofensas como “gorda macumbeira” e “macumbeira tem que morrer” durante as aulas. A vítima já havia sido encontrada pelo menos três vezes por professores chorando nos corredores do colégio.

Na semana passada, Kethlyn discutiu com o colega de classe em uma aula de história após ser ofendida por ele. No entanto, segundo a menina, a professora não gostou da discussão e a mandou sair sala. Depois, a adolescente foi suspensa por uma semana.

Após tomar conhecimento do caso, o pai da jovem, Leandro Bernardo Coelho, 35 anos, procurou a direção do colégio para solicitar um encontro com os pais do menino acusado de proferir as ofensas. O pedido foi feito na terça-feira da semana passada, mas, segundo ele, o encontro ainda não foi realizado.

Com isso, Leandro procurou a Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam) de São Gonçalo, na tarde desta segunda-feira, para registrar o caso.  Ele pede que a polícia investigue a conduta da professora que retirou a menina de sala e a postura da direção do colégio. “Eu aceito a religião de todo mundo, mas quero que aceitem a minha. A educação que dou aos meus filhos é de não tentar impor a sua religião para ninguém”, ressaltou.

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