Rio - Os cerca de 80 mil agentes de Segurança do Estado do Rio agora são comandados pelas Forças Armadas. Com a intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro, as forças fluminenses (polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Administração Penitenciária) já estão subordinadas ao general do Exército Walter Souza Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste, nomeado interventor por Michel Temer. O general, segundo o decreto, não presta satisfação ao governador do estado, Luiz Fernando Pezão, que admitiu: "Nós, só com a Polícia Militar e a Polícia Civil, não estamos conseguindo deter a guerra entre facções no nosso estado e ainda com um componente grave que são as milícias". Ele responde diretamente ao presidente Temer, que hoje deve vir ao Rio participar de reunião e apresentar o general Braga Netto.
Ontem, Temer justificou a medida: "O crime organizado quase tomou conta do Estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo. Por isso acabamos de decretar neste momento a intervenção federal da área da segurança pública do Rio de Janeiro", afirmou. A intervenção vale até 31 de dezembro.
O objetivo é "pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública" no estado, de acordo com o texto do decreto. A intervenção federal, uma situação inédita no Brasil desde a promulgação da Constituição, em 1988, é uma medida excepcional, colocada em prática para debelar graves momentos de crises institucionais, como na hipótese de um Estado tentar se separar da Federação ou para repelir a invasão de uma unidade da federação a outra, entre outras situações.
Sem poder de polícia
A medida tem efeito imediato, mas o Congresso Nacional tem que aprovar o decreto, em 24 horas, a partir do recebimento da mensagem. Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, a intervenção federal não dá poder de polícia ao Exército e nem autoriza a entrada na casa das pessoas, sem ordem judicial. Com relação aos novos chefes das polícias Civil e Militar, Bombeiros e Seap, caberá ao general Netto indicar. O interventor também decide o futuro das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Apesar da medida, militares do Exército no Rio não foram avisados oficialmente sobre a medida e também estão cheios de dúvidas. O plano de Segurança Pública para o estado ainda não foi apresentado.
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