Criminosos armados rendem clientes de lanchonete em Icaraí, em Niterói, em um dos muitos flagrantes de assalto registrados no CarnavalReprodução vídeo / WhatsApp O Dia
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Publicado 17/02/2018 03:41 | Atualizado 17/02/2018 10:37

Rio - Os crimes registrados de sexta-feira, dia 9, até a Quarta-Feira de Cinzas, 14, aumentaram em comparação aos seis dias do período de Carnaval em 2017. O levantamento obtido pelo DIA, diretamente na base da Polícia Civil, contradiz os números parciais divulgados ontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), que apontava diminuição dos delitos, e as declarações do governador Luiz Fernando Pezão, que afirmou que a violência foi menor na festa deste ano.

Os roubos de rua, por exemplo, mais que duplicaram: aumentaram 107% neste Carnaval. Entre a sexta-feira, dia 9, e a Quarta-Feira de Cinzas foram 1.548 roubos no estado. Já nos seis dias dos festejos do ano passado, foram 745 registros. Essa tipificação abrange roubos a celular, transeunte e nos ônibus. Os roubos de carro também dispararam. Neste Carnaval, foram 888 casos, contra 750 de 2017, um aumento percentual de 18,4%. Os roubos a turistas dobraram. Se em 2017 foram 23 roubos, no Carnaval de 2018 foram 51 registros realizados.

Já os homicídios apresentaram redução no estado, de acordo com a base de Registros de Ocorrência. Neste Carnaval foram 86 homicídios e, no mesmo período do ano passado, 94. Segundo os dados do ISP, no entanto, foram 1.062 roubos a pedestres em todo o estado de 9 a 14 de fevereiro deste ano, contra 1.178 casos no carnaval de 2017.

Em entrevista por telefone, o secretário de Segurança que pediu exoneração ontem, Roberto Sá, afirmou que "acredita nos números divulgados pelo ISP, que sempre foram fidedignos". "Além disso, não se pode tomar como parâmetro 2017, já que nesse período houve greve da Polícia Civil e subnotificação dos casos", acrescentou.

Apesar disso, em relação aos roubos de veículos, por exemplo, os donos dos carros costumam realizar os registros, mesmo de forma online. Sá completou dizendo que "o fato de muitos dos crimes do Carnaval terem sido filmados e veiculados, aumentou a sensação de insegurança da população".

Após 1 ano e quatro meses como secretário estadual de Segurança do Rio, Roberto Sá pediu a exoneração do cargo após a intervenção federal. Ele desabafou: "Ninguém espera sair assim. Mas, saio de cabeça erguida. Fui um soldado que aceitou o desafio de administrar a Segurança com a calamidade financeira decretada".

Interventor: 'Muita mídia'
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GENERAL MANTÉM BOA RELAÇÃO COM AS POLÍCIAS
Comissão pediu audiência com interventor, general Walter Braga Netto, para apresentar dados, mas encontro ainda não foi agendado pelo gabinete militar Marcelo Camargo/Agência Brasil
Medida foi negada a dois estados
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ONGs e especialistas temem ações mais agressivas em comunidades
O sociólogo do Laboratório de Análise de Violência da UERJ, Ignácio Cano, afirmou que o problema da Segurança é estrutural e que a chegada das Forças Armadas não irá resolver o problema. Segundo ele, o governo federal poderia auxiliar o Rio de Janeiro transferindo recursos para o pagamento do RAS (horas extras dos policiais) e do plano de metas dos policiais, e criando uma força-tarefa com efetivo maior de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF).
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"O Exército não tem capacidade e treinamento para abordar um problema de segurança que existe no Rio. Segurança Pública depende, sobretudo, de investigação, e o Exército não investiga. Quando chegar na comunidade o Exército vai fazer o quê? Atirar?", questionou. Cano afirmou que o melhor cenário com os militares seria utilizá-los no patrulhamento ostensivo para aumentar a sensação de segurança das pessoas. Ele reforçou que a ocupação de comunidades não resolverá o problema. "O que resolvemos com a ocupação da Maré? A volta das Forças Armadas mostra que nada foi resolvido", ressaltou. Cano demonstrou preocupação com uma possível intervenção agressiva, que poderá colocar em risco a vida de moradores de áreas carentes.
A diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, afirmou que a intervenção aumenta a vulnerabilidade dos jovens negros oriundos das favelas e periferias. "A intervenção reconhece a falência do estado e significa a continuidade da exposição das populações de favelas e periferias a riscos que já experimentamos anteriormente. O homicídio não reduziu e houve violação dos direitos humanos. Deveria ter um plano nacional de Segurança Pública e de redução de homicídios, mas nada disso aconteceu", criticou. Werneck reforçou que a crise não será solucionada com militarização ou a guerra às drogas.
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O presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, José Ricardo Bandeira, acredita que seja necessário investir em inteligência policial visando impedir que drogas, armas e munição entrem no estado.
Reportagem de Bruna Fantti, Jonathan Ferreira e Wilson Aquino, com o estagiário Gabriel Tomaz 

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