Rio - Sob forte emoção, o corpo do menino Marlon de Andrade Domingues, de 10 anos, foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio, na tarde desta segunda-feira. A criança foi atingida por um tiro na cabeça no Morro do Cantagalo, no último sábado. Momentos antes do enterro, o pai da vítima, Mauro Domingues, gritava na porta do cemitério: "Meu filho tomou um tiro na testa. Não tem como isso ser acidental. Vão pagar". Emocionado, ele chorou em cima do caixão de Marlon.
No mesmo dia do crime, um menor de 17 anos foi apreendido acusado de ser o dono da arma que matou o menino. O adolescente chegou a ser agredido por moradores da favela e foi socorrido por militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Pavão-Pavãozinho. Machucado, ele prestou depoimento na 12ª DP (Copacabana) e depois foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. Assim que recebeu alta médica o suspeito foi encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA).
Não é a primeira vez que o adolescente se envolve em algum tipo de crime. Segundo a 13ª DP (Ipanema), o suspeito já teve passagens por trocar tiros com policiais da comunidade e já foi apreendido por crime análogo a roubo. A delegada Cristiana Bento, responsável pelo caso, disse que o menor confessou que carregava uma arma. Ele disse que foi até a laje onde o menino soltava pipa e que o garoto tentou pegar a arma dele, que disparou "acidentalmente", acertando a cabeça da vítima.
A polícia apreendeu ainda uma pistola calibre 9mm com nove cartuchos. "Ele também confessou que faz parte do tráfico de drogas do Pavão-Pavãozinho", afirma a delegada. O adolescente tinha passagem pela polícia no ano passado por roubos a pedestres na orla de Copacabana com outros adolescentes. "Na época ele foi apreendido, ficou na internação e voltou a delinquir de forma mais grave", acrescenta a responsável pela investigação.
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