Por O Dia

Rio - A Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, voltou a ser alvo de operação das forças de segurança, na manhã desta quarta-feira. Novecentos militares do Exército, além da Polícia Civil, participaram da ação. O objetivo foi, mais uma vez, retirar barricadas colocadas pelo tráfico. Policiais buscaram cumprir mandados de prisão. 

Segundo o comando Conjunto e a Secretaria de Segurança Pública, sob coordenação do Gabinete de Intervenção Federal, a operação também envolveu cerco e estabilização dinâmica da área. Os militares tiveram o apoio de blindados, aeronaves e equipamentos pesados de engenharia. Algumas ruas e acessos da comunidade foram interditados.

De acordo com a Polícia Militar, dois coletes balísticos e três réplicas de fuzil foram apreendidos durante patrulhamento na localidade conhecida como Congo. O material estava em uma casa abandonada. O caso foi registrado na 34ª DP (Bangu). 

Idoso morto por bala perdida

No domingo, um idoso morreu após ser vítima de uma bala perdida em uma troca de tiros na Vila Kennedy. Valdir Vieira da Silva, de 66 anos, estava na localidade conhecida como bairro 13 quando foi ferido durante um confronto entre traficantes e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Segundo moradores, ele teria sido baleado na cabeça.

Uma mulher, que não teve o nome divulgado pela polícia e que teria 40 anos, também ficou ferida, só que na coxa esquerda. As duas vítimas chegaram a ser levadas para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Valdir morreu na unidade e a mulher recebeu alta após o atendimento, informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Favela alvo de ação das Forças Armadas

Em 16 dias, a Vila Kennedy foi alvo de pelo menos seis operações, quatro delas com participação das Forças Armadas. O estopim foi a morte do sargento do Exército Bruno Albuquerque Cazuca, ocorrida em um arrastão na madrugada do dia 20 de fevereiro na Estrada Rio-São Paulo, em Campo Grande.

Uma operação na manhã seguinte recuperou a arma do militar na Vila Kennedy e os responsáveis pelo crime foram apontados como criminosos da favela. Na madrugada do dia 21, o subcomandante da UPP local foi assassinado na Freguesia, na Zona Oeste, horas após entregar na Delegacia de Homicídios a arma do sargento do Exército que foi recuperada. Segundo a polícia, ele reagiu a uma tentativa de roubo quando esperava um lanche em um drive-thru de uma rede de fast food.

Nos dias seguinte as Forças Armadas realizaram quatro operações na comunidade. A primeira delas, no dia 23, ocorrida também nas favelas da Coréia e Vila Aliança, causou polêmica após os militares "ficharem" os moradores, tirando fotos de seus rostos junto ao documento de identidade. O Comando Militar do Leste (CML) disse que o procedimento é "legal" e feita regularmente. A OAB repudiou a ação e oficiou o interventor federal após o episódio.

As operações contaram com milhares de militares, que destruíram barricadas do tráfico de drogas e revistaram veículos e moradores. No último sábado, cinco pessoas foram presas, duas por desacato e desobediência. Outras duas pessoas foram presas em flagrante por posse de drogas e uma tinha mandado de prisão em aberto. Horas após a operação, as barricadas destruídas foram colocadas novamente pelo tráfico.

Nesta segunda-feira, o Exército antecipou que voltaria à comunidade para fazer uma nova retirada dos obstáculos colocados por traficantes após a saída dos militares da favela. A informação foi confirmada pelo coronel Carlos Cinelli, porta-voz do Comando Militar do Leste.

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