Policiais militares têm feito constantes operações na Vila Kennedy, onde encontram barricadas destruídas dias antes. Tem prendido suspeitos e apreendidos carros roubadosReprodução / Factual RJ
Por Bruna Fantti
Publicado 07/03/2018 03:00 | Atualizado 07/03/2018 08:52

Rio - Com quase 20 dias de estudos, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, mudou ontem os comandos das polícias estaduais. Como diretriz ao coronel Cláudio Laviano, novo comandante-geral da PM, e ao delegado Rivaldo Barbosa, escolhido para a chefia da Polícia Civil, determinou o fortalecimento de um programa criado pelo seu antecessor, delegado Roberto Sá: o Sistema Integrado de Metas (SIM), que recompensa policiais por bons resultados alcançados na redução de índices criminais.

O SIM só voltou a ser pago no mês passado, com o depósito dos valores do segundo semestre de 2015. Antes, o último pagamento ocorreu antes das Olimpíadas de 2016. Atualmente, ainda estão pendentes os pagamentos de 2016 e 2017. A Secretaria de Segurança, no entanto, não informou se terá recursos para realizar novos pagamentos de metas.

Para a escolha do comando-geral da PM, um vai e vem de coronéis e delegados passaram por sabatinas com o general Richard. Entre os cotados, estava o coronel Mário Sérgio Duarte, que já foi comandante da corporação, mas pediu exoneração após o assassinato da juíza Patrícia Accioli, a mando de um oficial de sua confiança, em 2011.

"No final pesou a credibilidade dos nomes dentro das próprias corporações, a ficha limpa, e a proximidade com as forças militares", afirmou um coronel do Comando Militar do Leste, que pediu para não se identificar.

De acordo com o especialista em Segurança, Vinícius Cavalcante, a escolha de Laviano para o comando da corporação mostra a inclinação no combate à corrupção. "É um profissional extremamente competente e com um perfil discretíssimo. É ótimo saber que se trata de um oficial que vive do seu salário e que não tem qualquer histórico de suspeição com esse mesmo crime que queremos reprimir", afirmou. Já a escolha de Barbosa para a chefia da Polícia Civil "mostra o empenho em fortalecer a Inteligência que está sucateada", afirmou uma fonte do Exército.

Ontem à noite, o coronel Wolney Dias, que será substituído no comando, recebeu no seu gabinete o coronel Laviano. Eles conversaram por cerca de quatro horas sobre projetos que estão em andamento na PM.

Segundo o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, Dias "foi um comandante que fez o melhor que pode no pior momento do Estado". Na sua gestão, ele reuniu recursos para a compra de viaturas novas; conseguiu angariar R$ 83 milhões em verbas parlamentares para a PM e conseguiu evitar uma greve iminente em 2017. Também enfrentou escândalos, como a execução de dois homens aparentemente rendidos em Acari por PMs em um tiroteio que vitimou a menina Maria Eduarda. Na época, declarou ao DIA "ser humanamente compreensível" a ação dos agentes.

Um caveira no comando da Polícia Militar
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Destaque no índice de elucidação de crimes
Uma das missões de Barbosa (esquerda) e Laviano é fortalecer o Sistema Integrado de Metas (SIM) Diego Reis/ Polícia Civil
Mais uma operação da polícia na Vila Kennedy
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A Polícia Militar realizou, na manhã de ontem, uma nova operação na Vila Kennedy, comunidade que foi alvo do Exército por três dias para a retirada de barricadas. As barreiras foram recolocadas horas depois e mais uma vez atrapalharam a locomoção da polícia no local. Na ação de ontem, um carro roubado foi recuperado e um adolescente, que estava com drogas, apreendido.
Na segunda-feira, o Exército Brasileiro emitiu parecer favorável para que a Polícia Civil do Rio receba 15 fuzis AR-10 (que têm calibre 7,62 por 51 milímetros), apreendidos em uma operação no Aeroporto do Galeão em junho do ano passado. Por outro lado, foi negada a doação de outros 45 fuzis do modelo AK-47 (de calibre 7,62 por 39 milímetros).
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Conforme o Decreto 5.123/2004, as armas de fogo apreendidas no Brasil, quando não mais interessam à investigação criminal e ao processo penal, devem ser encaminhadas pela Justiça ao Exército, que tem um prazo de 48 horas para destruí-las ou doarem a órgãos de Segurança ou a uma das Forças Armadas. Conforme o Artigo 65 da norma, as doações devem levar em conta "o padrão e a dotação de cada órgão".
A Justiça ainda vai decidir dar parecer favorável para a decisão do Exército sobre o repasse das armas.
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