Angela Costa, primeira mulher a assumir a presidência da Associação Comercial do Rio de Janeiro, começou a carreira ampliando negócios do paiAlexandre Brum
Por WILSON AQUINO
Publicado 08/03/2018 03:00 | Atualizado 08/03/2018 07:47

Rio - Hoje é festejado o Dia Internacional da Mulher. Entretanto, pesquisa divulgada, ontem, pelo IBGE, não apresenta dados satisfatórios ao universo feminino. Na estatística de gênero, que compara o tratamento dispensado a homens e mulheres no mercado de trabalho, elas continuam levando a pior. Segundo o Instituto Ethos, o Brasil só vai atingir a igualdade entre gêneros daqui a 80 anos. Apesar da perspectiva nada otimista, o que não falta no mercado é caso de mulher bem-sucedida e exemplos de como o universo masculino está se rendendo ao poder feminino.

Após 208 anos de fundação, a Associação Comercial do Rio, tradicional reduto de homens, tem agora a foto de uma mulher na galeria de presidentes. Angela Costa entra para a história como a primeira mulher a presidir a instituição. Quebrar paradigmas, aliás, é uma constante na vida da empresária do ramo de papel e papelão, que foi a primeira mulher a ocupar uma vice-presidência da poderosa Firjan, a federação das indústrias do Rio.

"Sem feminismo nenhum: nós temos muito mais habilidade do que o masculino. Conseguimos conciliar tudo, com perfeição maior, porque somos mais detalhistas", afirma Angela, que assumiu a pequena firma de transporte escolar (três carros) do pai, quando ele morreu, em 1975, aos 19 anos. Quatro anos depois, era dona da maior empresa do ramo, com 32 ônibus. "Quando me separei, decidi mudar de ramo. Meu marido, que me trocou por outra, tinha fábrica de papelão e eu me identifiquei com aquele trabalho. Pensei: a melhor vingança é ser uma concorrente. E foi isso que eu fiz", contou Angela, dona de uma das maiores fábricas de papelão e embalagem do estado. O ex-marido já faleceu. "Mas a fábrica dele faleceu antes", conta.

Com 22 anos de experiência em Marketing e Assuntos Corporativos e Governamentais, Grazielle Parenti, executiva da Mondelez Brasil, lembra que, ao ingressar no mundo corporativo, foi aconselhada a usar terninho e a não pintar as unhas de vermelho. "Tinha que parecer um deles nas entrevistas de trabalho", conta Grazielle, referindo-se aos homens. Mas, segundo ela, muita coisa já mudou. "Hoje, já temos liberdade de ser mulher em ambiente corporativo".

A pesquisa revela que, apesar de serem mais escolarizadas, as mulheres têm rendimento médio mensal 25% menor do que o dos homens que fazem o mesmo trabalho. Outro dado que incomoda é o referente aos cargos de liderança nas empresas. Em 2013, as mulheres ocupavam 40% das vagas de direção. O percentual caiu para 37,8% em 2016.

A favor das mulheres

Grazzielle, que faz parte do Grupo Mulheres do Brasil (liderado por Luiza Trajano, do Magazine Luiza), ressalta que ainda vai a reuniões, fora da sua empresa, onde é a única mulher na sala. "No Grupo, temos um slogan, que gosto muito: 'não somos contra os homens, somos a favor das mulheres'", diz. "Hoje, temos sororidade, palavra feia que tem um sentido bonito que é o das mulheres se ajudarem".

Escolaridade: fator decisivo para avanço nas empresas
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Primeira mulher a presidir a World Federation of People Management Associations, a maior associação de Recursos Humanos do mundo, Leyla Nascimento, avalia que a mulher conquistou um espaço a que tinha direito, mas que ainda há muito chão a percorrer no Brasil.
"Há um movimento que aponta a necessidade de ter cada vez mais a força da mulher dentro do mercado de trabalho", diz Leyla, apontando a escolaridade como fator decisivo para o avanço feminino. "Hoje, elas estão buscando as universidades, as escolas técnicas. Estão se preparando com uma qualificação maior para o mercado", afirma.
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Leyla destaca que o Dia Internacional da Mulher é importante "porque traz à lembrança esse tema da valorização do espaço feminino, algo que durante muito tempo foi difícil de conquistar". Porém, na avaliação dela, o desafio maior é a mulher, todos os dias, provar sua competência, tanto na atividade que exerce quanto nas tomadas de decisão em quadros de liderança. "A gente espera muito da mulher uma posição de assertividade, algo que já faz parte das atitudes profissionais, mas que da mulher se espera mais".

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