Rio - O secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, apresentou pessoalmente os novos chefes das polícias estaduais. Sem dar espaço para perguntas dos jornalistas, Nunes ressaltou que a escolha dos nomes foi baseada na experiência e confiança.
"Escolhemos uma equipe que simbolizasse o esforço que vamos realizar em prol da sociedade. São pessoas da minha inteira confiança e foram escolhidos pela competência profissional. Tenho certeza de que irão fazer o esforço para transformar as duas instituições capazes de atender aos anseios da população", disse o general.
Em seguida, o novo comandante-geral da PM, coronel Luis Cláudio Laviano, tentou motivar a tropa. Ao finalizar o discurso, disse um frase semelhante ao lema "Força e Honra" do Batalhão Especial de Operações Policiais (Bope) do qual já foi comandante.
"Nós policiais, homens de bem, estamos unidos para preservar o maior bem do ser humano, que é a vida da população. Policiais nas ruas atentos ao serviço, preservando a vida do cidadão. Policiais trabalhando honestamente em prol da sociedade. Policiais, tenham a certeza de que terão o apoio de seus comandantes. Fé, honra e glória aos homens de bem", afirmou.
Já Rivaldo Barbosa, disse que "irá respeitar os direitos e garantias individuais de todos os cidadãos". A afirmação foi dada em um momento em que a Defensoria Pública do Estado repudia as ações militares em comunidades como o fichamento de moradores e o pedido de um mandado de busca coletivo.
Antes de serem apresentados à imprensa, Rivaldo e Laviano participaram do primeiro encontro nos cargos. Eles estiveram na 9ª reunião do Comitê Especial de Segurança Integrada (CESI), no Centro Integrado de Comando e Controle, assim como representantes de diversas instituições, como Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência e Ministério Público.
Após a apresentação à imprensa, os novos chefes se reuniram com o secretário de Segurança para debater ações estratégicas no combate à criminalidade.
Rivaldo Barbosa: destaque na elucidação de crimes
O novo chefe da Polícia Civil foi subsecretário de Inteligência durante a gestão do ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame. Na época, sua equipe não identificou que um homem se passava por coronel do Exército e o admitiu para realizar treinamentos para as polícias. O caso ficou conhecido como o 'coronel câo', apelido dado ao farsante Carlos Sampaio, que era somente filho de um oficial do Exército e ludibriou a secretaria de Segurança.
Rivaldo se destacou nas investigações de homicídios. Em apenas um ano à frente da DH, o índice de elucidação de assassinatos passou de 2% para 20%. Também criou o Núcleo de investigação de mortes de policiais, no qual conseguiu chegar a autoria de quase metade dos casos. Foi militar da Aeronáutica por 15 anos e entrou para a Polícia Civil em 2002. Na instituição, ele chefiou a Coordenadoria de Informação e Inteligência Policiais, a Polinter) e atualmente era o diretor da Divisão de Homicídios. Foi o responsável pelo desenvolvimento e execução do plano operacional de inteligência dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.
Laviano: caveira no comando da PM
Laviano comandou o Bope e o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), responsável pelas 38 UPPs do estado, além da Guarda Municipal do Rio. De acordo com a PM, é um oficial que privilegia as estratégias e era especialista em negociações durante conflitos, sendo um dos responsáveis pelo plano de estudos dessa área na corporação. No currículo, Laviano possui o Curso de Formação de Oficiais (EsFO), de 1988 a 1991. Em 1998, ele integrou o Curso de Operações Especiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). No ano seguinte, Laviano fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Ele possui ainda os cursos de Operações Especiais (COEsp), de Ações Táticas (CAT), Modo de Treinamento de Defesa Pessoal, Controle de Conflitos e Situações de Crise, Avançado de Negociações, Proteção e Segurança de Autoridades (CSPAUT) e Superior de Polícia Integrado (CSPI). Laviano também foi chefe de Segurança da prefeitura do Rio.
Secretário pede para polícias reforçarem o sistema de metas
Com quase 20 dias de estudos, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, mudou ontem os comandos das polícias estaduais. Como diretriz ao coronel Cláudio Laviano, novo comandante-geral da PM, e ao delegado Rivaldo Barbosa, escolhido para a chefia da Polícia Civil, determinou o fortalecimento de um programa criado pelo seu antecessor, delegado Roberto Sá: o Sistema Integrado de Metas (SIM), que recompensa policiais por bons resultados alcançados na redução de índices criminais.
O SIM só voltou a ser pago no mês passado, com o depósito dos valores do segundo semestre de 2015. Antes, o último pagamento ocorreu antes das Olimpíadas de 2016. Atualmente, ainda estão pendentes os pagamentos de 2016 e 2017. A Secretaria de Segurança, no entanto, não informou se terá recursos para realizar novos pagamentos de metas.
Para a escolha do comando-geral da PM, um vai e vem de coronéis e delegados passaram por sabatinas com o general Richard. Entre os cotados, estava o coronel Mário Sérgio Duarte, que já foi comandante da corporação, mas pediu exoneração após o assassinato da juíza Patrícia Accioli, a mando de um oficial de sua confiança, em 2011.
"No final pesou a credibilidade dos nomes dentro das próprias corporações, a ficha limpa, e a proximidade com as forças militares", afirmou um coronel do Comando Militar do Leste, que pediu para não se identificar.
De acordo com o especialista em Segurança, Vinícius Cavalcante, a escolha de Laviano para o comando da corporação mostra a inclinação no combate à corrupção. "É um profissional extremamente competente e com um perfil discretíssimo. É ótimo saber que se trata de um oficial que vive do seu salário e que não tem qualquer histórico de suspeição com esse mesmo crime que queremos reprimir", afirmou. Já a escolha de Barbosa para a chefia da Polícia Civil "mostra o empenho em fortalecer a Inteligência que está sucateada", afirmou uma fonte do Exército.
Ontem à noite, o coronel Wolney Dias, que será substituído no comando, recebeu no seu gabinete o coronel Laviano. Eles conversaram por cerca de quatro horas sobre projetos que estão em andamento na PM.
Segundo o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, Dias "foi um comandante que fez o melhor que pode no pior momento do Estado". Na sua gestão, ele reuniu recursos para a compra de viaturas novas; conseguiu angariar R$ 83 milhões em verbas parlamentares para a PM e conseguiu evitar uma greve iminente em 2017. Também enfrentou escândalos, como a execução de dois homens aparentemente rendidos em Acari por PMs em um tiroteio que vitimou a menina Maria Eduarda. Na época, declarou ao DIA "ser humanamente compreensível" a ação dos agentes.
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