As forças de segurança voltaram na manhã desta sexta-feira, pelo terceiro dia seguido, à Vila Kennedy. A ação teve a participação de 1.400 militares das Forças Armadas e agentes da Polícia Civil. Só que, ao contrário das flores levadas pelos soldados na véspera, os militares foram acompanhados por funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), que botaram abaixo, com ajuda de escavadeiras, os quiosques da Praça Miami, a principal do bairro da Zona Oeste. Segundo a pasta, os estabelecimentos ocupavam irregularmente o local. A ação provocou revolta entre as pessoas que trabalhavam na praça, que alegam vir tentando regularizar seus negócios junto à prefeitura, sem sucesso.
No fim da tarde, o prefeito Marcelo Crivella admitiu que houve uso desproporcional de força, determinou o afastamento dos funcionários envolvidos e garantiu o cadastramento dos comerciantes afetados para imediata realocação.
Equipes da Light e da Comlurb também estiveram na comunidade na manhã de ontem. Segundo a empresa de luz, funcionários foram ao local para restabelecer o fornecimento de energia em locais pontuais da Vila Kennedy. Já a prefeitura explicou que a operação de ordenamento urbano na Praça Miami foi um pedido da Polícia Militar para averiguar denúncias de irregularidades, venda de drogas e presença de carga roubada.
"Eu trabalhava há 15 anos em uma barraca que foi completamente destruída. Desde que comecei a trabalhar lá, fui na prefeitura tentar regularizar toda a situação e eles sempre colocavam um empecilho. Podiam ter tentado resolver a situação de forma pacífica, conversar, mas já chegaram na força bruta. Quero apenas trabalhar dignamente", desabafou Luciana Silva, 34, dona de um dos quiosques removidos.
Alguns donos de barracas conseguiram remover suas armações às pressas, com o auxílio de um reboque.
Leonardo Damasceno, evangélico, tentou sensibilizar os agentes da SEOP se ajoelhando diante do quiosque com que sustenta a família há 15 anos. Mas não conseguiu evitar que a construção fosse destruída.
Moradores da comunidade também reclamaram da conduta de agentes da prefeitura. "A gente foi tratado com total falta de respeito. Debocharam da gente. Minha nora e meu filho têm uma barraca lá e disseram que se eu quisesse reclamar tinha que procurar a delegacia. A gente não é contra o desenvolvimento da praça mas tem que haver um diálogo", disse Carlos Henrique de 62 anos.
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