Funcionários do município deram início a desmontagem ontem da estrutura da estação Maria TerezaMarcio Mercante / Agencia o Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO
Publicado 13/03/2018 01:28

Rio - Acabou a esperança da população de ter ligação direta de transporte público entre Campo Grande e a Barra da Tijuca. Funcionários da prefeitura começaram a desmontar ontem a estação do BRT Maria Tereza, construída em 2012 ao custo de R$ 1,5 milhão, em Campo Grande, e jamais inaugurada. A estrutura serviria a uma futura ampliação do sistema pela Estrada do Monteiro, anunciada pelo ex-prefeito Eduardo Paes. O projeto nunca teve um prazo definido e ficou na promessa.

A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) informou que partiu dela, em conjunto com associações de moradores, o movimento pela desativação. Segundo a entidade, a estação tem sido usada por moradores de rua e sua presença 'fantasma' afeta a sensação de segurança no local. Outra justificativa apresentada é que a estrutura atrapalha o trânsito.

"Documentos foram levantados, estudos foram feitos, ofícios encaminhados e diversas horas de reuniões com os órgãos competentes [...] Muitos anos foram perdidos, dinheiro público desperdiçado, até finalmente atingirmos um objetivo considerado como básico por qualquer cidadão consciente: a desativação de um mobiliário que, além de estar atrapalhando, não está sendo utilizado para nada", afirmou a ACICG em nota.

Passageiros que contavam com a conclusão do trecho e a redução do tempo de viagem lamentaram a decisão. Após a implantação do corredor Transoeste, as linhas diretas de ônibus entre Campo Grande e a Barra foram extintas. Segundo Guilherme Braga Alves, pesquisador do Laboratório do Direito à Cidade e morador de Campo Grande, para fazer o trajeto é preciso pegar ônibus alimentador até Mato Alto ou Magarça e depois o BRT ou tomar um BRT para Santa Cruz e, de lá, trocar para outro até a Barra. Quem quer se livrar da baldeação paga R$ 14 em ônibus executivo. Ele estima que a viagem seria encurtada em 40 minutos.

"A prefeitura precisa definir um cronograma para a implantação deste trecho, que está previsto no Plano de Mobilidade Urbana, além de explicar quais são os critérios técnicos que justificaram a decisão e quanto custará a operação de remoção", ressaltou Guilherme.

"A desmontagem da estação Maria Tereza é uma forma de terminar errado o que começou sem destino certo. Essa linha de BRT seria a mão na roda que a região de Campo Grande tinha até 2014, quando a última linha direta pra Barra foi extinta. Uma facilidade no transporte que seria devolvida a nós", comentou o técnico de informática Jorge Lucas Araújo, morador de Inhoaíba.

Gabriel de Oliveira, coordenador de Transporte Público do ITDP Brasil, instituição de referência em mobilidade, criticou a medida. "Se a estação tivesse sido inaugurada, seria uma área mais movimentada e o comércio provavelmente teria maior circulação, afinal estações de transporte dinamizam a economia local. Infelizmente não poderemos mais testar essa hipótese."

Estrada será duplicada
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Sem a estação, a prefeitura informou que vai duplicar a capacidade de tráfego na Estrada do Monteiro e fará canteiro central arborizado em até um mês. Novas linhas de ônibus, no entanto, não são cogitadas. Segundo a Secretaria de Transportes, a estrutura será guardada para repor peças em outras estações. O órgão argumentou que o local sofria com a invasão de população de rua, usuários de drogas e vandalismo, e que a prioridade é terminar o BRT Transbrasil.
A Maria Tereza ficava entre Campo Grande e Mato Alto e foi alvo de várias manifestações de moradores. Para concluir o trecho, de 12 km, faltava construir pelo menos duas estações e as pistas. O Consórcio BRT afirmou que a ligação desafogaria estações como a Magarça e Pingo d'Água, e classificou a medida como falta de investimento no sistema BRT. A CPI dos Ônibus da Câmara questionará hoje o secretário de Transportes Rubens Teixeira.
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