Policial militar Márcio Lima Cunha, conhecido como "Zebu", já foi candidato a vereador em MesquitaReprodução Internet
Por O Dia
Publicado 14/03/2018 07:28 | Atualizado 14/03/2018 19:04

Rio - Policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco/IE) realizaram uma operação, na manhã desta quarta-feira, contra milícia que atua em Mesquita, na Baixada Fluminense. A operação terminou com nove presos. Três de quatro policiais militares procurados foram presos, entre eles Márcio Lima Cunha, conhecido como "Zebu" e apontado como o chefe da quadrilha. Um ex-PM também é alvo da ação. Outras três pessoas foram presas em cumprimento a mandados de prisão temporária e duas em flagrante.

Os agentes foram cumprir outro mandado de prisão temporária e 10 de busca e apreensão expedidos pela Justiça, inclusive no 20º BPM, em Mesquita, onde três dos quatro policiais eram lotados: Márcio Lima, o Zebu; André Lemos da Silva e Tiago Costa Gomes. Já Natanael de Oliveira Gonçalves, conhecido como "Niel", é lotado no 39º BPM (Belford Roxo). Os outros alvos são Paulo José Lírio Salviano, ex-PM, apontado como o braço armado do grupo; André Silva Nicodemus; Daniel Alex Soares da Silva, conhecido como "Escobar"; e Renato de Castro de Oliveira.

14/03/2018 - Policiais da DRACO e da Delegacia de Homicidios chegam com presos na sede da Secretaria de Segurança Pública, na Centra do Brasil. Foto de Maíra Coelho / Agência O Dia. Polícia , Violência,Operação, Segurança, Falta,Maíra Coelho / Agência O Dia

A operação teve o apoio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança e da Corregedoria da Polícia Militar.

De acordo com a Secretaria de Segurança, as investigações começaram  a partir da denúncia de uma vítima, que esteve na Draco e relatou que há cerca de dez meses um grupo da região passou a praticar extorsões, sob o pretexto de oferecer uma "suposta segurança".

A testemunha afirma que passou a sofrer cobranças e que o grupo impôs o pagamento de uma taxa para cada uma das lojas que ele possuía, totalizando R$ 1 mil por semana pelas duas lojas. O chefe das ações de extorsão, segundo as investigações, foi identificado como o policial militar Márcio Lima Cunha, o Zebu. Ele foi candidato a vereador nas eleições de 2016 em Mesquita, teve 862 votos e não se elegeu.

A vítima, que também é PM, sofreu uma emboscada feita pelo grupo de "Zebu" após se recusar a pagar o valor cobrado pelos criminosos. Ele estava acompanhando por um amigo que acabou baleado e morto. Salviano e "Escobar" haviam marcado um encontro com o comerciante e, ao avistarem o carro dele, fizeram vários disparos. A DHBF investiga o homicídio.

Segundo o delegado Alexandre Herdy, titular da Draco/IE, o grupo é suspeito de explorar vários serviços: "Além de cobrar pela taxa de segurança a residências e comerciantes, as investigações apontaram que havia a distribuição de sinal clandestino de TV a cabo, venda de água e de gás, exploração de transporte alternativo, liberação de vias para shows (pagodes), cestas básicas, empréstimos de dinheiro a juros e serviços de mototáxis.", explica.

Todos os procurados têm posições estratégicas na milícia, segundo o Ministério Público: Salviano é o braço armado da quadrilha, apesar de todos ostentarem armas e praticar extorsão; Lemos seria um dos responsáveis pela exploração do sinal de TV a cabo clandestina, além de sempre estar na posse de veículos clonados; Natanael exploraria os pontos de mototáxis. "Escobar" explora a venda de cestas básicas, além de ser também responsável pelo sinal de TV a cabo clandestina.

"Na Vila Emil, em Mesquita, milicianos vinham cobrar proteção, mas nunca deram qualquer apoio. Após o não pagamento (da 'taxa de segurança'), aconteceu um assalto. Levaram caminhão com R$ 30 mil em mercadorias, documentos e celular", disse uma testemunha ao telejornal "SBT Rio".

Em nota, a PM informou que as prisões serão analisadas nas esferas administrativas e jurídicas. "Como estas prisões são desdobramentos de um inquérito policial já aberto anteriormente na Polícia Civil não será necessário que seja aberto novo inquérito na Polícia Militar, a não ser que surja fato novo e a corporação entenda que o militar também cometeu algum outro crime descrito no Código Penal Militar, os policiais militares serão denunciados na Auditoria de Justiça Militar, onde responderão criminalmente. Tratando-se da esfera administrativa, os militares presos responderão aos PADs. Os procedimentos abertos na administração pública militar julgarão a conduta dos militares e, sendo confirmadas as acusações, os policiais serão excluídos com a maior celeridade possível."

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