Rio - As investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes se debruçam na análise de antenas de celulares, rastreamento de câmeras e levantamento sobre carros roubados nas últimas semanas.
Ontem, os investigadores receberam os relatórios das 26 antenas de celulares que ficam na região onde o carro com a vereadora circulou. São mais de 200 mil celulares que estavam na área no momento do crime, de cinco operadoras diferentes. "Através do direcionamento, será possível saber quais celulares estavam parados na rua dos Inválidos por duas horas. Mesmo que o criminoso tenha destruído o telefone, já temos o registro", afirmou um investigador.
Outro trabalho que está sendo feito é a verificação dos veículos modelo Cobalt Prata roubados nos últimos meses no estado. Isso porque o Cobalt utilizado no crime tinha placa clonada, cujo veículo original já foi encontrado. Agora, a polícia quer saber a origem do outro veículo e, se foi roubado, para quem foi repassado. Câmeras nos locais dos roubos também estão sendo procuradas.
Em outra frente de investigação está a análise das câmeras da região. Os pardais da prefeitura estão ajudando na coleta de dados, já que mesmo com velocidade normal, eles captam as placas dos veículos. O objetivo é saber o destino dos criminosos após o crime. Ontem, a polícia descartou totalmente que um carro encontrado em Minas Gerais tenha participado da ação.
Munição
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou na sexta-feira, que o lote da munição UZZ-18 foi desviado "anos atrás" e que um dos desvios teria ocorrido na sede dos Correios na Paraíba. "A Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. Então, eu acredito que essas cápsulas que foram encontradas lá na cena do crime, foram efetivamente roubadas", declarou.
No entanto, ontem, os Correios desmentiram a fala do ministro, afirmando que "a empresa não aceita postagem de remessas contendo armas ou munição, exceto quando autorizado por legislação específica. Neste caso, o tráfego, via Correios, de produtos controlados pelo Exército, submete-se às disposições estabelecidas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados".
Após a declaração da instituição, Jungmann mudou a versão, e afirmou, em nota, que a munição foi encontrada depois de um arrombamento nos Correios. "Na cena do crime, a PF encontrou cápsulas diversas, dentre elas, o lote investigado. O ministro não associou diretamente o episódio da Paraíba com as cápsulas encontradas no local do crime". Conforme divulgado pelo DIA, o lote com 423 mil cartuchos foi comprado em 2006 por R$ 620 mil e usado para treinamentos das polícias pelo país.
Um agente federal do Rio chegou a ser preso e expulso da PF após ser provado que ele vendeu parte do lote para facções criminosas.
Comentários