Rio - Oito pessoas morreram durante confronto entre policiais militares e criminosos armados na Rocinha, na Zona Sul do Rio, na manhã deste sábado. De acordo com a corporação, o tiroteio começou quando policiais do Batalhão de Choque, que realizavam patrulhamento nas localidades conhecidas como Rua 2 e Roupa Suja, foram atacados por criminosos. A ação acontece pouco mais de um mês após a assinatura do decreto que determinou a intervenção federal na área de segurança pública do estado do Rio de Janeiro.
Os oito mortos no confronto deste sábado engrossam as estatísticas de violência na Rocinha. Em seis meses de ocupação, 47 criminosos foram mortos. Além deles, uma turista espanhola, um morador e dois policiais morreram.
Segundo a polícia, as vítimas teriam ligação com o crime organizado. Os baleados chegaram a ser levados para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Os policiais informaram que com os suspeitos foram apreendidos um fuzil, seis pistolas e uma granada. O grupamento Aeromóvel (GAM) realizou monitoramento aéreo na região e o cerco foi reforçado.
Um dos mortos foi identificado como Júlio Morais de Lima, de 23 anos. A irmã do rapaz não quis se identificar, mas garante que ele não tem envolvimento com o tráfico. Segundo ela, Júlio trabalhava como auxiliar de serviços gerais em uma churrascaria. "Meu irmão não era envolvido com o crime. Ainda não sabemos se ele foi morto quando saía ou chegava em casa. Mas, vamos atrás de Justiça para provar a inocência do meu irmão", disse.
A mãe de Matheus da Silva Duarte de Oliveira, de 19, disse que o filho estava em um baile funk quando foi baleado. "Eles chegaram atirando. Ele foi morto pelas costas, não teve chance. Meu filho tinha família, só Deus sabe o que eu estou sentindo, dói muito. O Matheus teve a vida interrompida, os planos. Isso tem que acabar, esta situação precisa dar um basta".
Desde o início do dia, moradores usaram as redes sociais para reclamar do tiroteio e da falta de energia elétrica. “Aqui na Roupa Suja sem luz e com muito tiro”, postou um internauta. Uma outra moradora pediu paz na favela. “Que nenhum inocente seja morto. Só deus mesmo para nos guardar. Sábado, às 6h da manhã e a comunidade acordando desse jeito”, lamentou. A Light confirmou a falta de energia na Rocinha, mas ressaltou que como a comunidade passa por operação da polícia, a concessionária está aguardando condições de segurança para que os técnicos possam trabalhar no local e restabelecer o fornecimento.
A Favela da Rocinha já havia sido palco de confronto armado na última quarta-feira. Na ocasião, o soldado da PM Filipe Santos de Mesquita, de 28 anos, e um morador, identificado como Antônio Ferreira, conhecido como “marechal”, foram baleados e mortos. O enterro de “Marechal” foi realizado neste sábado, no Cemitério do Caju. O soldado da PM foi enterrado na sexta, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O agente atuava na UPP Rocinha, e estava na corporação desde dezembro de 2015.