Por Agência Brasil

Rio - A Comissão Parlamentar Externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar a crise dos hospitais federais e institutos, junto com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), fizeram na manhã desta segunda-feira inspeções nos hospitais federais do Andaraí e de Bonsucesso, ambos na zona norte do Rio de Janeiro.

 

Segundo a coordenadora da comissão, deputada Jandira Feghali, desde a última vistoria no Andaraí feita em setembro, a situação piorou muito. “Temos vários plantões de emergência sem médicos, sem chefe de equipe, com deficiência no setor de enfermagem. Na sala amarela, no quarto andar, pacientes ficam dias inteiros sem nenhum médico para atender, alguns em estado grave. Áreas de cardiologia, pneumologia estão fechadas, redução de cinco leitos no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva. O setor de oncologia está com redução de médicos. Mulheres com necessidade de cirugia de mama para reduzir o tumor não poderão fazer o procedimento, que é muito grave”.

Jandira informa, ainda, que na semana passada foram suspensas 14 cirurgias em um único dia, por falta de insumos básicos como roupas de centro cirúrgico, luvas e gazes. “O setor de tratamento de queimados, que é uma referência para o Brasil inteiro, está com 40% de redução dos leitos. Não tem oftalmologista. Uma criança que levou um tiro no crânio e saiu pelo olho ficou 15 dias internada e não tem um oftalmologista para atender. Então é uma situação gravíssima de desassistência, dramática, diria, caótica, e com uma absoluta responsabilidade do Ministério da Saúde e do governo federal”.

Na semana passada, o corpo clínico do Hospital Federal de Bonsucesso e o Cremerj anunciaram o fechamento da emergência recém-inaugurada, por causa da falta de pessoas.

Segundo a deputada, uma decisão judicial de novembro obriga o Ministério da Saúde a contratar 3.592 profissionais para suprir a atual carência dos hospitais federais e dos institutos. Jandira explicou que as vagas só foram liberadas na última sexta-feira pelo Ministério do Planejamento e devem ser preenchidas de forma temporária por processo de seleção simplificada.

“Há algum tempo, pela falta de concurso, foram feitos contratos temporários da União, feitos por certames simplificados. Esses contratos foram acabando e o Ministério não repôs. Então esses profissionais foram demitidos, retirados dos hospitais e os serviços foram fechando. A maioria dos profissionais de emergência foram contratados por períodos temporários, então as equipes foram ficando sem médicos, sem enfermagem e foram fechando simplesmente”, disse a deputada.

A gerente do departamento de fiscalização do Coren-RJ, Sabrina Lins Siebert, explica que a entidade tem feito fiscalizações desde 2010 e que, depois de uma ação civil pública, foi feita contratação temporária de profissionais para o Andaraí em 2012.

“Esse contrato está se findando este ano, então a gente está com grave problema de recursos humanos, além dos problemas estruturais do Andaraí, não tem emergência, falta insumos para o atendimento. Estamos na expectativa de que essa nova ação garanta a contratação de 3.592 profissionais, que a gente consiga suprir as necessidades. Aí a gente ainda tem que ver as outras questões que estão relacionadas aos cuidados que não se minimizam apenas em pessoal, mas que precisam da estrutura e de toda as condições necessárias”, disse.

Em nota, a direção do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), que coordena os seis hospitais federais no Rio de Janeiro, informou que aguarda a conclusão do processo para contratação de profissionais para atuarem nos seis hospitais federais no Rio de Janeiro. O pedido está em tramitação no Ministério do Planejamento e estima-se que as contratações sejam autorizadas ainda neste mês de março.

O departamento informa ainda que, para reforçar o atendimento no Hospital Federal de Bonsucesso, 35 profissionais de saúde já foram contratados de forma imediata. Entre estes, já foram contratados seis médicos e mais 11 profissionais de saúde, como enfermeiros e técnicos de enfermagem.

A nota informa ainda que, quanto ao abastecimento, os hospitais federais funcionam em rede, o que possibilita o remanejo de insumos para suprir faltas pontuais, ocorridas por atrasos nas entregas, como nos casos em questão.

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