O contador Guilherme de Souza e sua coleção de álbuns de figurinhas. Ao todo, ele tem oito álbuns de copas completos. No de 2014, realizada no Brasil, rejeitou oferta de R$ 5 mil - Alexandre Brum / Agência O Dia
O contador Guilherme de Souza e sua coleção de álbuns de figurinhas. Ao todo, ele tem oito álbuns de copas completos. No de 2014, realizada no Brasil, rejeitou oferta de R$ 5 milAlexandre Brum / Agência O Dia
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Nas esquinas, escolas, shoppings e estádios, o burburinho aumenta a cada dia, em torno da magia da troca de figurinhas dos álbuns de Copas do Mundo. Mais que um passatempo, a atividade é, segundo especialistas, uma ótima oportunidade de aproximar parentes e fazer novas amizades. E o melhor: nos encontros tête-à-tête, os colecionadores ficam um bom tempo longe dos celulares.

Para o sociólogo Fábio Gomes, especialista em redes sociais, embora esse tipo de interação seja por um curto período hoje em dia, graças à tecnologia, um álbum é preenchido em poucas semanas, ao contrário de décadas passadas, quando se levava meses , os encontros podem acender amizades sinceras e duradouras, tirando muitas pessoas do isolamento social. "É uma interação que desencadeia novos grupos de amigos e fases de relações afetivas em família".

Igor Melo usa aplicativo para achar trocas de figurinhas raras, como as de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo - Marcio Mercante / Agência O Dia

A psicóloga, psicanalista e terapeuta de famílias, Márcia Modesto, diz que a caça às figurinhas incentiva os mais jovens a lidar com conceitos e situações vividas pelos pais e avós, e até estimula cálculos matemáticos. "O resgate de valores, de sentimentos bons, só traz benefícios".

ÁLBUNS VIRAM RELÍQUIAS

Antônio Alvim, 49, pai de Cadu, 11, atesta: "São momentos fantásticos". Ele faz questão de jogar bafo com o filho e aproveita para "especular sobre suas paqueras". O contador Guilherme de Souza, 35, conquistou novas amizades.

"Ando com figurinhas na mochila. Domingo, negociei no Engenhão, antes da partida contra o Vasco", disse o botafoguense Guilherme, que tem álbuns completos de oito copas. O xodó é o de 2014, no Brasil. Nele, já rejeitou oferta de venda por R$ 5 mil. "Fui a vários jogos naquela Copa. Vi os craques do álbum jogando". Em sites como o eBay, o álbum da Copa de 1970, no México, custa R$ 7,2 mil.

Igor Melo só usa celular para localizar trocas. "O resto é na conversa", ressaltou, exibindo a figurinha de Lionel Messi, uma das mais disputadas, como as de Neymar e Cristiano Ronaldo. "Completar um álbum é emocionante", garantiu o programador Victor Dantas, 28, que já gastou R$ 400 no álbum Rússia 2018. Das 682 figurinhas, ele ainda precisa de 62. A Editora Panini imprimou 7 milhões de álbuns, com tiragem de 40 milhões de figurinhas por dia.

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