André Rodrigues era baixista e também amava o ciclismoReprodução / Facebook
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado 02/04/2018 09:53 | Atualizado 02/04/2018 11:30

Rio - Amigos e parentes do músico André Rodrigues estiverem na manhã desta segunda-feira no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para agilizar a liberação do corpo para o enterro.  André Negão, como era conhecido, foi atingido por um carro em uma agulha de saída da Lapa para o Aterro do Flamengo, cinco minutos antes de a via ser fechada para lazer. Ele foi socorrido ainda lúcido pelos amigos de esporte para o Hospital Souza Aguiar, mas com uma fratura de fêmur, lesão grave no intestino e uma perfuração no pulmão acabou não resistindo. O motorista, que dirigia um carro escuro, fugiu sem prestar socorro. 

O amigo Hércules Padinha, de 42 anos, disse está indignado com a negligência do condutor do carro que atingiu André: "É uma pessoa desumana. Além de ter essa atitude irresponsável (de dirigir), foi omisso. Esta pessoa estava exercendo uma função de alta responsabilidade, ele tinha uma arma na mão. Não parou para prestar socorro e ainda fugiu. Uma pessoa dessas não poderia estar dirigindo. Ele deixou para trás agora um rastro de dor. Se ele tivesse socorrido meu amigo, ele teria pelo menos uma chance. Ele era um profissional justo, família e amigo. Ele tirou isso de forma brutal", desabafou. 

O primo de André, Cassius Rodrigo, disse que ele estava acostumado a fazer o trajeto e que, além da música, amava o ciclismo. "Ele era músico e ciclista, era apaixonado pelo esporte. Na sexta-feira mesmo ele saiu da Tijuca e foi até o Recreio, postou na rede social dele, todo feliz, os amigos comentando. Ele não era aventureiro, era um esportista, sempre com equipamento de segurança, capacete, ela estava praticando o esporte que ele tanto amava", disse, lembrando que ele já tinha sido atropelado.

André Negão era amante do ciclismoReprodução Facebook

"Foi em 2006, a situação no Rio de Janeiro é isso aí, a pessoa não pode sair em segurança para praticar seu esporte que é acometido com isso. Passaram-se 12 anos e não avançamos muito nisso, no respeito ao ciclista aqui na cidade. A pessoa invade a pista e ela não teve nem a sensibilidade de parar, de ver o que estava acontecendo. Ele foi socorrido pelos colegas que estavam juntos. Se tivesse um socorro com mais rapidez, se não tivesse essa evasão do motorista, talvez a gente tivesse conseguido algo mais pelo André", lamentou.

Conforme contou o primo de André, o músico tinha feito na última sexta-feira o mesmo trajeto que foi interrompido no domingo de Páscoa e postou em sua página no Facebook. "Voltando aos poucos! Vamos em frente!", escreveu o baixista e ciclista. Após a pedalada, ele encontraria com a filha. "Ele saiu para praticar o esporte dele de manhã cedo para encontrar a filha depois", disse Cassius. 

Imagens de câmeras de segurança da região podem ajudar a Polícia Civil a chegar ao motorista. A 9ª DP (Catete) investiga o caso. Segundo bombeiros que o socorreram, ele estava lúcido quando foi encontrado ferido.

O músico era muito querido no meio artístico. Nas redes sociais, artistas prestaram homenagens a André.

"Que tristeza isso tudo! Saber que nem procurando saúde, numa bike, temos segurança nesse estado de caos em que vivemos! Não se pode andar de bike! Era apenas andar de bike e tocar, curtir! Bondade em pessoa, um lúcido ligado nas melhores palavras e possiblidade de viver em paz. Vá com Deus, querido! Vai deixar saudades e um exemplo de existência que tá cada vez mais raro! Muito amor por onde estiver", escreveu Vanessa da Mata em sua página no Facebook.

No Twitter, Maria Rita demonstrou um misto de raiva e tristeza:

"Que covardia! Como é que não socorre?Como dorme à noite? Como olha nos olhos de alguém depois disso? Estou com muita raiva. Desculpem o desabafo. Abracem os seus. Não deixem aquele almoço 'pra matar saudades" pra depois', escreveu a filha de Elis Regina.

 

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