Rio - Após bate-boca entre integrantes da CPI dos Ônibus, na Câmara do Rio, foi aprovado na tarde desta segunda-feira, por 3 votos a 2, o relatório final da investigação que determina maior fiscalização no transporte da cidade. No entanto, um outro documento, que pede o indiciamento de agentes públicos, como o ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB), e de 47 empresários do setor, foi apresentado pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL), provocando a confusão.
O relatório oficial da CPI, assinado pelo vereador Rogério Rocal (PTB), é contra o rompimento do edital, publicado em 2010, embora reconheça falhas. Por outro lado, o de Tarcísio Motta, de 350 páginas, diz que há suspeitas de formação de uma máfia entre políticos e donos de empresas de ônibus, parecida com o esquema investigado pela Operação Lava Jato no governo do estado. Segundo os procuradores, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que está preso, era o chefe da quadrilha.
"Vocês têm um lado. É o lado da máfia. Vocês estão fazendo o papel sujo", gritou Tarciso Motta, referindo-se aos vereadores Alexandre Isquierdo (DEM), presidente da CPI; Rogério Rocal, relator; e Doutor Jairinho (licenciado do PMDB).
Irritado, Isquierdo respondeu:
"Vossa Excelência está agredindo com palavras os vereadores".
Os trabalhos da CPI dos Ônibus duraram 150 dias. Em seu relatório, Tarcísio Motta apontou uma série de irregularidades relacionadas ao transporte do município do Rio. Entre eles, o superfaturamento de despesas, descumprimentos de contratos por parte das concessionárias, falta de transparência e um lucro de R$ 3,6 bilhões ocultados pelos empresários. O vereador Eliseu Kessler (PSD) chegou a propor que o documento de Tarcísio fosse incluído no relatório oficial, mas a ideia foi negada pela maioria.