Operação contra milícia prende mais de 140 suspeitos e deixa quatro mortos na Zona Oeste. Todos foram levados para Cidade da Polícia na manhã deste sábado. Eles chegaram em dois ônibus acompanhados de policiais do CoreDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por PALOMA SAVEDRA
Publicado 07/04/2018 14:07 | Atualizado 07/04/2018 15:38

Rio - A maior milícia do Estado do Rio, chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, estava adotando práticas criminosas típicas do tráfico: ameaçava moradores e executava pessoas que não aceitavam regras impostas pela quadrilha na Zona Oeste e Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Civil, os milicianos estavam ainda permitindo a atuação livre do tráfico nessas regiões, com a venda de drogas e roubo de cargas.

“O irmão do Ecko, Carlinhos Três Pontes (morto no ano passado), expandiu os negócios dele com o tráfico de drogas. Se aliou ao Terceiro Comando, com outros traficantes, e permitiam, começaram a atuar também no roubo de cargas”, disse Fábio Salvadoretti, delegado assistente da DHBF, que acrescentou: "Eles se aliam a traficantes de drogas, permitem que traficantes vendam as suas drogas nas áreas deles (dos milicianos) e a praticar roubo de cargas". 

De acordo com Salvadoretti, como contrapartida, o tráfico pagava um percentual do que faturava com o crime na localidade.

Mais de 140 presos 

Nesta madrugada, uma operação com 40 policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), 27ª DP (Vicente de Carvalho) e 35ª DP (Campo Grande) resultou na prisão de 142 suspeitos de integrarem a milícia, sete menores apreendidos e quatro mortos (que faziam a segurança do Ecko), no sítio Três Irmãos, em Santa Cruz.

Os suspeitos estavam em um evento de pagode, segundo o delegado assistente da DHBF, André Timoni. Os policiais foram recebidos a tiros, e o chefe da milícia, Ecko, fugiu assim que os agentes chegaram às 4h15 deste sábado. Também foram recuperados cerca de 15 carros.

“Foi uma ação planejada para reprimir o crime organizado naquela região. O grupo também exercia influência em cidades da Baixada, como Itaguaí e Seropédica. Essa operação vai impactar nos índices de letalidade violenta onde esse grupo atuava”, afirmou o delegado titular da DHBF, Daniel Rosa.

Rosa garantiu que o grupo criminoso será enfraquecido após a operação deste sábado. Os presos responderão pelos crimes de organização criminosa, formação de quadrilha, porte de armas de fogo e receptação de veículo roubado.

O delegado titular da 27ª DP (Vicente de Carvalho), Marcos Amin, chamou atenção para a prática adotada pelos milicianos. “Neste trabalho, devemos destacar o enfrentamento que tivemos (com a resistência dos suspeitos, que trocaram tiros com os policiais). Encontramos forte resistência armada. Hoje, a milícia deixa de fazer aquela falsa proteção da atividade local e passa a fazer atividade do narcotráfico”.

'É o maior grupo criminoso do estado'

O delegado Salvadoretti afirmou que esse é o maior grupo criminoso do estado: "Eles estão expandindo seus territórios até dominar o Rio de Janeiro inteiro, tanto pela Baixada Fluminense quanto pela região da Costa Verde".

Ele ressaltou ainda a semelhança do 'modus operandi' do tráfico. "Esse (pela operação) é o mais duro golpe na milícia. Gostaria de enfatizar aqui que é um grupo de sanguinários que exterminam as pessoas de bem daquela região e suas ações em nada diferem do tráfico de drogas. Eles matam por qualquer razão. Se a pessoa resolve não pagar uma taxa que acredita não ser devida eles executam", relatou.

 

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