Transferência dos suspeitos de integrarem milícia presos em Santa Cruz para o o Complexo Penitenciário de BanguDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por Rafael Nascimento e Maria Inez Magalhães
Publicado 09/04/2018 12:58 | Atualizado 09/04/2018 22:03

Rio - O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decretou, no início da tarde desta segunda-feira, a prisão preventiva dos 153 suspeitos presos em megaoperação contra a milícia, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Na ação de sábado, sete menores de idade também foram detidos. Eles estavam numa festa em um sítio em Santa Cruz, onde a polícia encontrou diversos carros importados, fuzis, granadas e até roupas militares.

Os suspeitos foram encaminhados para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste. Entre os presos há três militares do Exército, identificados como Daniel Felipe Xavier Sudre, Lucas Gabriel Moreira de Santana e Matheus José Xavier Sudre, Deyvid Carvalho de Azevedo, este da Aeronáutica, e o bombeiro Carlos José de Souza e Silva. O Corpo de Bombeiros informou, em nota, que "repudia toda e qualquer ação ilícita." 

Já o Comando Militar do Leste (CML) disse que os militares "estão à disposição da Justiça Militar para os procedimentos legais" e que "poderá incluir a instauração de Inquérito Policial Militar." "Ressalta-se que o Exército Brasileiro não compactua com qualquer tipo de irregularidade eventualmente praticada por seus integrantes e repudia veementemente atitudes e comportamentos não condizentes com as leis e os valores da Instituição, o que inclui a frequência a locais ou eventos incompatíveis com os princípios castrenses. Nesse sentido, a Força continua empenhada em colaborar com as investigações e esclarecimentos do caso", completou a instituição em nota.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o militar "está sob custódia e à disposição da Justiça Comum Estadual, conforme estabelece o artigo 74 da Lei 6.880/80 do Estatuto dos Militares." A instituição também informou que um processo administrativo foi aberto e, após a conclusão da apuração, o militar poderá ser punido com o licenciamento do serviço ativo, o que significa sua exclusão das fileiras da Força Aérea Brasileira (FAB). "Cabe ressaltar que a FAB repudia atitudes desta natureza e atua firmemente para coibir desvios de conduta de seus militares. O Comando da Aeronáutica colabora com a autoridade policial nas investigações", informou em nota enviada à imprensa.

Outro detido na operação é Warley Paul Mansur de Souza, preso pela terceira vez e que estava respondendo processo em liberdade. A primeira prisão de Warley foi feita pela 56ª DP (Comendador Soares) em 2012, acusado de integrar quadrilha de milicianos que explorava a venda de gás, sinal de TV, agiotagem e venda de cestas básicas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele foi preso em um escritório de agiotagem com Krismarley Gouveia de Almeida, o 'Gadernal'. A segunda prisão de Warley foi em 2017, também em Nova Iguaçu, pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE). Ele foi preso em flagrante por posse de munição de uso restrito, quando policiais encontraram na casa dele dois carregadores de pistola.

Na manhã desta segunda-feira, o Portal dos Procurados divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de R$ 2 mil por informações sobre o miliciano Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko. De acordo com as investigações, ele é o chefe da quadrilha Liga da Justiça, que atua em diversos bairros da Zona Oeste. Contra ele há um mandado de prisão por homicídio.

Ecko assumiu o comando da maior milícia do estado após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017. Segundo a polícia, ele usa cocaína, lucra com o tráfico de drogas, é violento, possui local de tortura e coapta ex-traficantes para o grupo.

 

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