Agentes brincam com Bruce colocando a manga para ele morder, atividade corriqueira do trabalhoFotos de divulgação
Por MARIA INEZ MAGALHÃES
Publicado 22/04/2018 03:00 | Atualizado 22/04/2018 09:20

Rio - Acostumado à rotina do trabalho no Grupamento de Operações com Cães, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Bruce, um pastor alemão de quase 10 anos, se coloca a postos ao ver seus companheiros cães e humanos se movimentarem para a próxima missão. Só que ele não vai. Há um ano, esse é o dia a dia do Zero Um da secretaria, que foi aposentado devido a quatro hérnias lombares e torácicas.

O problema causa dores e dificuldades em andar, e Bruce tem se movimentado arrastando as patas traseiras. Vivendo no canil da Seap, os inspetores estão em busca de adoção para o cão. Ele tem todos os cuidados necessários, como garante a chefe do grupamento, Lúcia Helena Pimentel Rangel, mas todos querem que ele vá para um lugar mais confortável, com mais espaço e atenção, digno de um guerreiro que serviu à segurança do estado por sete anos.

"Vê-lo querendo trabalhar e sem poder é de cortar o coração. O olhar dele de tristeza por não poder nos acompanhar nos deixa arrasados", lamentou Lúcia. Segundo ela, todos os tratamentos já foram tentados, inclusive acupuntura, mas sem sucesso. Cirurgia já foi descartada e até uma cadeirinha foi comprada para facilitar o cão a andar, mas ele não se acostumou a ela. Para amenizar o sofrimento, Bruce toma muitos remédios, à base de corticoides.

"Foi meu companheiro. Fico muito triste em vê-lo assim. Se pudesse, o levaria para minha casa, mas tenho vários cachorros e gatos e não tenho espaço. O ideal é que Bruce tenha um lugar grande e só para ele", disse Rangel. E ser filho único tem explicação. Bruce foi treinado para o combate, ou seja, ele não é um pet, mas é um cão com quem se pode conviver. "Vamos precisar fazer uma adaptação e acompanhá-lo sempre. Mas ele não vai atacar ninguém à toa e nem consegue mais correr, tadinho", garantiu a chefe do grupamento.

Silvia e Bruce passam os dias dela de trabalho juntos. "Fica comigo no ar-condicionado porque Bangu é muito quente", revela. Divulgação

Enquanto Bruce não encontra um lar, para amenizar a tristeza do peludo, que se empolga até quando ouve o barulho da viatura, os agentes brincam com ele dando alguns comandos de trabalho, como usar a luva de treino. "Ele adora e se diverte porque ainda não entendeu o problema dele. A brincadeira é como um prêmio para ele", revelou a inspetora do canil Silvia Avelino, que o acompanha desde 2010.

Currículo: revistas na prisão e escolta do Nem da Rocinha
Publicidade
Cirurgia não é aconselhada
Responsável por cuidar dos cães da Seap, o inspetor e veterinário Fábio Rodrigues Marques, explicou porque a cirurgia não é aconselhada em Bruce. "As hérnias são muito distantes uma das outras e isso significa que terá que ser feito um corte extremamente grande, o que não é recomendado", contou Fábio. "Ele também não estava mais respondendo à acupuntura", completou.
Publicidade
As despesas de Bruce são pagas pelos servidores do canil, já que o estado está em crise financeira. "Temos limitações, mas a gente ajuda", revelou Fábio. Segundo ele, quando Bruce não levanta é sinal de muita dor e é hora de voltar com o corticoide, que na crise, costuma ser dado por 20 dias. "Mas ele não reclama. É muito forte", disse Lúcia.
E essas dores podem aumentar com a chegada do frio. "Ele sente mais nessa época, por isso seria ideal que ele fosse para um lar o mais rápido", recomendou o veterinário. Quem se interessar pelo Bruce deve ligar para 2333-5025 ou mandar e-mail para seapgoc@yahoo.com.br.
Publicidade
Enquanto ainda está no canil, ele segue paparicado. "Ele fica na sala comigo no ar, já que Bangu é muito quente", contou Silvia. O canil da Seap tem dez cães, entre pastor belga de malinnois e rotwailler. Eles começam a trabalhar aos dois meses e se aposentam aos oito anos.

Você pode gostar

Comentários

Publicidade

Últimas notícias