Doentes renais precisam sair de casa para se submeter às transfusões
 - Daniel Castelo Branco
Doentes renais precisam sair de casa para se submeter às transfusões Daniel Castelo Branco
Por NADEDJA CALADO

Rio - As 84 clínicas de hemodiálise em todo o estado vêm sofrendo os reflexos da greve dos caminhoneiros e precisaram diminuir tempo e intensidade das sessões dos pacientes, devido à falta de entrega de artigos médicos .A passagem dos caminhões com insumos foi liberada pelos grevistas em estradas de todo o país; no entanto, os motoristas enfrentam dificuldades para retornar com os caminhões vazios e recarregar para novas entregas.

Além disso, os caminhões que transportam matéria-prima para a confecção dos artigos não puderam passar, atrasando a produção e reduzindo o estoque de fábricas especializadas. Seringas, agulhas, e outros materiais específicos das máquinas de diálise, como filtros, são alguns dos itens em falta. "É uma coisa séria. Nas fábricas, estão desesperados. Um reflexo na saúde é o pior que poderia acontecer nessa greve", afirmou o Presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro (Adreterj), Gilson Nascimento.

Pacientes com doenças renais crônicas que dependem da hemodiálise precisam de, no mínimo, 12h semanais de sessões - geralmente são feitos atendimentos 3x na semana, durante 4h cada. Na Clínica de Doenças Renais (CDR) da Taquara, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, as sessões foram reduzidas a 3h para racionalizar os recursos.

"Tivemos que fazer um plano de contingência, que é repensado todos os dias dependendo da entrega ou não de insumos. Além do tempo, precisou ser reduzido o fluxo do "banho", a solução usada na filtragem de sangue, de 500 ml por minuto para apenas 300. É a nossa forma de tentar garantir que não falte atendimento aos pacientes", explicou a diretora médica da unidade, Luciana Serpa, que ainda não sabe quando a situação poderá ser normalizada.  A situação preocupou os pacientes da unidade.

"É um atendimento essencial para nós, é terrível não saber se amanhã conseguiremos fazer a sessão. Ficamos todos muito preocupados, os pacientes, as famílias, e os funcionários", pontuou o paciente Johnson Celestino, 67, que chegou a desistir de ir à clínica no último sábado, por dificuldades no deslocamento e medo de não receber atendimento.

"Para um profissional da saúde, ter que economizar esses artigos é um pesadelo, porque queremos dar o melhor tratamento possível aos pacientes. A hemodiálise impacta muito na qualidade de vida dos pacientes, a situação é muito preocupante", afirmou a enfermeira chefe da unidade, Manoela Correia dos Santos. Em todo o estado, cerca de 10 mil pacientes precisam de hemodiálise

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