Em ação contra um esquema internacional de lavagem de dinheiro, a Polícia Federal prendeu ontem 30 pessoas no Rio, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. Outros três foram detidos no Uruguai. A operação foi batizada de 'Câmbio, Desligo'. Segundo o Ministério Público Federal, a quadrilha de doleiros movimentou R$ 5,7 bilhões.
No Rio, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato disseram que parte do dinheiro foi usado no esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Um dos presos foi o doleiro Sérgio Mizrahy, que, para o Ministério Público Federal, fez circular ilegalmente R$ 50 milhões, entre 2011 e 2017. Além disso, utilizou a conta bancária da escola de samba Grande Rio para lavar dinheiro e emprestou recursos à agremiação de Duque de Caxias, segundo a denúncia.
"Sérgio Mizrahy tem vínculo estreito com a escola de samba Grande Rio, aparentemente utilizando inclusive de contas bancárias da própria agremiação para realizar lavagem de dinheiro. Essa proximidade traz fundamento do risco a ordem pública, com eventual envolvimento do representado com outras áreas da ilicitude carioca, como o jogo do bicho", escreveram os procuradores no pedido de prisão.
Em nota, a Grande Rio disse que: "A Acadêmicos do Grande Rio confirma que Sérgio Mizrahy integra a extensa lista de diretores da escola. No entanto, os negócios pessoais e profissionais do mesmo não dizem respeito à agremiação, que não foi sequer notificada oficialmente por nenhum repasse de verba ilegal. Desde já, a instituição aproveita para se colocar à disposição para esclarecer qualquer assunto e colaborar com a justiça".
Segundo o procurador da República, Stanley Valeriano, o esquema abastecia também tráfico de drogas. "São pessoas (doleiros) que estão há 20, 30 anos em atividades no Brasil. Elas são suporte a várias atividades criminosas, o que possibilita outros crimes de evasão de divisas, sonegação e tráfico de drogas", disse Valeriano.
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