Rio - Cerca de oito mil pessoas em um raio de 150 m², na Mangueira, já se preparam para a implosão do antigo prédio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será feita na manhã de domingo. Para o trabalho de derrubada do imóvel, o viaduto da Mangueira e as ruas Visconde de Niterói e Ana Neri serão interditados de 6h às 8h. Trem e metrô terão serviços suspensos na hora da detonação. Moradores do entorno precisam sair de suas casas às 6h e seguir uma série de recomendações da prefeitura.
Invadido há mais de 20 anos, o prédio do IBGE abrigou cerca de 300 famílias em condições precárias e, agora, dará lugar à construção do conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida. Mesmo com todo esquema de segurança para implosão, vizinhos ao prédio são mais de 20 imóveis no entorno temem problemas estruturais em suas casas. De acordo com moradores, representantes da prefeitura fotografaram os imóveis para registro de possíveis danos causados pela demolição.
"Estamos preocupados se a estrutura da nossa casa vai aguentar as explosões. Temos medo mesmo com a orientação da prefeitura", disse a moradora Milena Ladeira, de 25 anos.
Há 15 dias, a Secretaria Municipal de Defesa Civil divulga uma série de recomendações para os moradores. Além de desocupar as casas uma hora antes do procedimento, é necessário que o registro de gás (botijão) e a chave geral de energia sejam desligados e as janelas fiquem fechadas. A prefeitura também pede que carros de moradores não fiquem no entorno das ruas bloqueadas. Sinais sonoros serão disparados durante a execução da operação para auxiliar as pessoas.
De acordo com a Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, não há motivo para preocupação. Um estudo foi feito para que os escombros caiam em uma área que não tem ocupação. Ainda de acordo com a pasta, o prédio perto da Rua Visconde de Niterói será demolido a marretadas ao longo da semana.
Ao longo de 23 anos, Carlos Alexandre dos Santos, 34, o Paulista da Mangueira, colheu depoimentos de moradores do local e fez vários documentários sobre a invasão. Segundo ele, em determinados locais do prédio era impossível caminhar devido a quantidade de lixo. "É preciso perder um dia das mães para um dia novo nascer no futuro", disse. Os apartamentos do Minha Casa Minha Vida vão demorar 1 ano e meio para ficarem prontos e serão destinados às famílias com renda de até R$ 1,8 mil. A prefeitura vai selecionar os beneficiários.
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