Marinete, mãe de MarielleAgência O DIA
Por CÁSSIO BRUNO
Publicado 14/05/2018 13:14 | Atualizado 14/05/2018 13:52

Rio - A mãe da vereadora Marielle Franco (Psol) afirmou nesta segunda-feira que torce para que o vereador Marcello Siciliano (PHS) não esteja envolvido no assassinato da filha. Marinete da Silva, de 66 anos, e o marido Antônio Francisco da Silva Neto, de 60, participaram de uma manifestação realizada pela Anistia Internacional em frente à sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, na Central.

"Estou com muita esperança, confiante na investigação da polícia. Eu torço para que o mandante não seja conhecido. O meu coração de mãe pede para que não seja ele (Marcello Siciliano). É importante dizer que, por enquanto, não há nada de concreto", disse Martinete ao DIA, emocionada.

Pais de Marielle Franco participaram de manifestaçãoSeverino Silva / Agência O DIA

Em escutas telefônicas divulgadas no último domingo pelo "Fantástico", da TV Globo, o vereador Marcello Siciliano conversa com um miliciano. No diálogo, o parlamentar pediu apoio para a implantação de um  projeto social em uma área dominada pela milícia.

Conforme revelou o jornal "O Globo", Marcello Siciliano foi apontado por uma testemunha como um dos responsáveis por mandar matar Marielle. Ele negou. O ex-chefe de uma milícia Orlando de Curicica, preso desde outubro do ano passado, também negou, por meio de carta, divulgada pelo DIA, qualquer participação no crime.

Orlando Curicica acusou o delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios (DH),de tentar convencê-lo a confessar envolvimento no assassinato. Através da assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que Lages esteve no presídio para tomar o depoimento de Curicica sobre o assassinato de Marielle. Siciliano e Curicica devem ser ouvidos pela polícia nos próximos dias.

Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes, foram executados a tiros no Estácio, na região central do Rio, em 14 de março. Até agora ninguém foi preso. Nesta segunda-feira, integrantes da Anistia Internacional cobraram uma solução para o caso. Os manifestantes carregavam faixas e placas com as frases "60 dias sem Marielle!" e "Quem matou Marielle?".

"Ainda é difícil de acreditar. A Marielle era uma mulher muito guerreira. Ela contribuiu muito para a sociedade. Tenho muito orgulho", disse Marinete. O pai da vereadora, Antônio Francisco da Silva Neto, estava inconformado. "São 60 dias sem um resposta. Sabemos que foi um crime complexo, premeditado, e que as câmeras de segurança da rua onde ela morreu não funcionava", afirmou Antônio.

Marinete e Antônio lamentaram não ter passado os Dias das Mães com Marielle. "Foi muito doloroso", lamentou Marinete. Para Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional, é fundamental que as investigações do caso sejam feitas de forma correta.

"Não estamos cobrando detalhes da investigação. Sabemos que é sigiloso. Mas queremos uma investigação correta e que aponte quem mandou matar a Marielle. A mobilização social é fundamental para o andamento", ressaltou.

Renata Neder lembrou do relatório "Você matou meu filho", divulgado, em 2015, pela Anistia Internacional. O documento revelou que, em 2011, houve 283 assassinatos (em 220 registros de ocorrência) provocados pelas polícias Militar e Civil. Segundo ela, quatro anos depois, 183 inquéritos ainda estavam sem solução.  

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