Casal foi sequestrado na Avenida Carlos Chagas Filho, na Cidade Universitária da UFRJ, na Ilha do Fundão. Entorno da instituição tem registrado grande índice de assaltos e sequestrosReprodução
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado 21/05/2018 11:06 | Atualizado 21/05/2018 18:50

Rio - Entre janeiro e maio deste ano, seis casos de sequestros-relâmpagos aconteceram no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no campus do Fundão. Segundo a universidade, esse número é superior ao mesmo período do ano passado. O último aconteceu na última sexta-feira quando um casal de professores foi rendido e sequestrado, ficando sob o poder dos bandidos por nove horas.

Por conta do aumento desse tipo crime no local, na próxima quarta-feira, a Prefeitura Universitária vai se reunir com a Delegacia Antissequestro (DAS) para pedir apoio nas investigações. Gerly Miceli, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj), atribui aumento da insegurança a três fatores: falta de concurso para vigilantes, falta de segurança no BRT e a via que corta o campus que tem acesso pela Ponte do Saber, que virou rota de fuga de criminosos.

"Desde 1991 que não tem concurso porque o Governo Federal disse que o cargo é inexistente. Como é inexistente se precisamos de segurança na universidade? Falta segurança, os bandidos descobriram a vulnerabilidade do campus. Aumentou muito o número de crimes desde a inauguração do BRT. Ainda tem a via que passa dentro da universidade, que dá acesso à Ponte do Saber. Ela é rota de fuga de bandidos da Maré. Deveria ser restrito o acesso ao campus por esse local", disse Miceli. 

A coordenadora do Sinturfj disse que há um mês em frente ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), bandidos com fuzis descarregaram uma carga roubada. Segundo ela, os criminosos acalmavam que passava pelo local. "Podem ficar tranquilos, não queremos nada com vocês. Vamos só fazer nosso trabalho aqui e ir embora", teriam falado.

Na mesma época, um trabalhador do sindicato foi rendido e sequestrado por bandidos, sendo levado em seu próprio carro para o Parque União, na Maré. Os criminosos ficaram apenas com o veículo do funcionário para "fazer um ganho (praticar crimes)".

Em janeiro, um médico da Coordenação de Saúde do Trabalhador da UFRJ foi sequestrado e levado para uma comunidade. Desde então ele está afastado da universidade, já que não consegue ir trabalhar por medo.

Em julho do ano passado, um outro médico foi sequestrado na Ilha do Fundão. Na época, o 17º BPM (Ilha do Governador) informou que quatro bandidos estavam em um carro branco e abordaram o profissional enquanto ele saía do campus. Os criminosos obrigaram a vítima a sacar dinheiro em diversos caixas eletrônicos da região.

De acordo com o Paulo Mauro Ripper, prefeito da Cidade Universitária, a área de pouco mais de 5, 2 mil km² — que compreende os bairros de Ipanema e Leblon juntos — conta com o apoio de apenas uma única viatura do 17º BPM (Ilha do Governador) e outras quatro viaturas da Divisão de Segurança (Diseg)em situação precária. 

No dia 5 de abril, o prefeito e o subsecretário de Segurança, Roberto Alzir, se reuniram para discutir a segurança no campus. Na ocasião, foi prometida mais uma viatura, no entanto, o acordo ainda não foi cumprido. "A gente está acelerando para que não ocorra de novo esse tipo de evento na ilha do fundão e dê segurança para a comunidade", afirma Ripper.

O prefeito diz que a Cidade Universitária vai receber duas câmeras de reconhecimento facial, atualmente, o Fundão conta com 205 sem o recurso. Uma outra medida, que Ripper analisa, é excluir uma das quatro entradas. O estudo é conduzido em parceria com o Centro de Operações da Prefeitura. 

"É importante que quando um filho venha estudar na UFRJ, que ele possa cumprir aquele sonho, aquilo que ele se preparou a vida inteira, mas com segurança e que não haja medo. Que ele estude, faça sua pesquisa e volte para casa com segurança", diz o prefeito. 

A partir de junho, a Cidade Universitária contará com o Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que permite que policiais militares trabalhem em horário de folga e recebam gratificação. O programa contará com quatro viaturas, oito postos fixos e vigilância 24 horas.

 

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