2018-05-23 - CIDADE - CEASA. Greve dos caminhoneiros afeta a maior central de distribuição de alimentos do estado.Foto: Fernanda Dias / Agência O Dia.Fernanda Dias
Por O Dia
Publicado 23/05/2018 22:25

'Foi um susto quando cheguei no mercado. Verduras e legumes faltando e preços exorbitantes". O relato da dona de casa Silvia dos Santos, de 64 anos, em um mercado do Centro do Rio ontem foi o sentimento de muitos cariocas. Por causa da greve dos caminhoneiros iniciada na segunda-feira, a distribuição dos alimentos em todo o estado foi afetada. A circulação de ônibus também foi reduzida devido à falta de combustível, e as empresas alertam que hoje será ainda pior se os protestos e bloqueios nas estradas não forem suspensos.

Segundo a Fetranspor, federação das empresas de transporte, cerca de 40% dos ônibus no estado não foram para as ruas e a previsão é de que hoje até 70% da frota fiquem nas garagens. O operador do BRT informou que hoje o sistema deve funcionar com apenas metade dos veículos. O Rio Ônibus, que representa as empresas da capital, informou que 28% da frota não foi para as ruas no fim da tarde de ontem. A prefeitura pede que os cariocas usem preferencialmente os trens, metrô e barcas.

Nos supermercados da cidade visitados pelo DIA faltavam sobretudo verduras e legumes, como cenoura, quiabo, salsa, e em alguns locais até batata, cebola e tomate. O preço de alguns produtos quase quadruplicou.

"A batata que comprei por R$ 1,90, na semana passada, encontrei por R$ 7 hoje (ontem). Estamos com medo", relatou a aposentada Aneide Aumentero em um hortifruti na Lapa. "Estou estocando comida para os próximos três dias, mas salsinha, cebolinha e alface não encontrei em lugar nenhum", disse o comerciante Luciano Matos em um mercado no Centro.

"Infelizmente tivemos que repassar a alta dos preços para o cliente. Mas o caminhões precisam voltar pois os estoques estão no fim", contou o funcionário do hortifruti da Lapa, André Luiz Siqueira, que explica que o estabelecimento compra os alimentos na Ceasa, principal atacadista de alimentos do Grande Rio.

Segundo o gerente da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa Grande Rio e São Gonçalo (Acegri), Wagner Martins, mais de 70% das lojas da Ceasa, que funcionam 24 horas por dia, não abriram ontem. Dos 700 caminhões que abastecem o local diariamente, apenas 245 chegaram ao centro de distribuição na terça-feira e 75 nesta quarta.

"Faltou muita mercadoria e a tendência é só piorar. O mercado está sem nada, não está tendo reposição de produtos e as poucas que têm, é porque tem estoque", afirmou Wagner. A redução no abastecimento reflete na alta dos preços que em alguns casos mais do que quadruplicaram no local. A caixa de banana que custava R$ 80 chegou a R$ 350 ontem. "O saco da batata lisa custava R$ 70 (semana passada), ontem (terça) estava R$ 150 e hoje (ontem) está R$ 300. Desde segunda não temos reposição deste produto", afirma Marcos Vinícius Figueiredo, de 30 anos, gerente de uma loja na Ceasa.

No interior, alunos ficam sem aulas
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A crise dos combustíveis provoca também sérios transtornos no interior, onde serviços públicos passaram a ser afetados. Na capital, porém, a prefeitura informou não ter registrado nenhum problema, a não ser no transporte.
Na região do Sul Fluminense, as prefeituras de Volta Redonda e Barra Mansa suspenderam aulas para 60 mil alunos em 176 escolas até segunda-feira, visando o "uso racional dos ônibus" e por "falta de merenda".
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Já a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa estima perdas de 130 mil litros de leite por dia com a greve.
Nos supermercados e feiras, também há desabastecimento e alta de valores. Motoristas de Uber e taxistas fizeram carreatas e recolheram alimentos para os grevistas. Em Campos, no Norte Fluminense, grevistas distribuíram verduras e frutas, para não estragarem.
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O governo do estado não respondeu se o funcionamento das escolas e unidades de saúde da rede estadual será afetado.

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