Daniel Rosa Maíra Coelho
Por Bruna Fantti
Publicado 26/05/2018 21:19 | Atualizado 27/05/2018 17:19

Rio - Foi em uma mesa de bar, perto da Via Light, em 2016, que o miliciano Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, fez uma das suas últimas expansões no crime: subordinar as milícias de Nova Iguaçu ao seu comando. Após a sua morte em 2017, o poder territorial das organizações criminosas em Santa Cruz ficou com seu irmão, Wellington Braga, o Ecko, enquanto a vigilância na cidade da Baixada Fluminense passou às mãos de Danilo Lima, o Tandera.

Desde que a expansão foi realizada, a violência em Nova Iguaçu só fez aumentar. Em 2016, foram 499 mortes violentas; em 2017, 650. Nos quatro primeiros meses deste ano, a cidade teve a Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) com o maior número de homicídios dolosos do estado, em números absolutos: 177 casos. Em segundo lugar está Duque de Caxias, com 117 assassinatos.

O aumento da letalidade violenta no município coincide com o período da expansão da milícia de Três Pontes. De acordo com informações passadas à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), pelo menos uma vez por semana uma carreata com homens vestindo preto e portando fuzis vai checar a contabilidade dos milicianos de Cabuçu e de outras comunidades em Nova Iguaçu. "Ela é comandada pelo Danilo, que costuma fazer uma espécie de ronda na região. Mas a área de atuação direta dele é na localidade conhecida como KM 32", afirma um investigador da Draco.

Segundo o delegado Daniel Rosa, que assumiu há dois meses a titularidade da Delegacia de Homicídios da Baixada, o combate às milícias é o principal fator que pode influenciar na diminuição dos homicídios. "As milícias têm um impacto muito grande na letalidade. Na área de Nova Iguaçu, identificamos dois milicianos que são responsáveis, direta ou indiretamente, por muitos homicídios na região", conta.

Conforme o delegado, Jefferson Constant Jasminn, o Magrão ou Deco, e Mário Barbosa Marques Júnior, conhecido como Van Dame, têm aterrorizado a região. Deco possui sete mandados de prisão por diferentes crimes, desde homicídios a roubos de carga. Assim como Van Dame, ele atua nas comunidades de Miguel Couto, Ambaí e Posse. "São criminosos sanguinários, covardes. Temos informações que eles são violentos nas cobranças de taxas a moradores e comerciantes", enumera o delegado, destacando que inquéritos apontam que o bairro da Posse lidera o número de homicídios.

Com experiência de cinco anos na DH da Capital, Daniel Rosa reformou a delegacia e mudou a divisão dos inquéritos. "Antes, os delegados investigavam por plantão. Agora, cada um deles é responsável pelos inquéritos de três a cinco cidades. Isso vai fazer com que eles conheçam melhor uma região e, é claro, os criminosos que atuam nela", explica.

Grupos cobram taxas variadas
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A exploração de taxas variadas cobradas pelos milicianos em Nova Iguaçu não poupa nem vendedoras de frutas na estrada. É o que aponta inquérito da Draco de 2016, quando houve grande operação para prender criminosos da região.
A operação foi realizada após denúncias de moradores. Segundo o delegado Alexandre Herdy, titular da especializada, cerca de mil comerciantes eram obrigados a pagar taxas que variavam de R$ 30 a R$ 300, semanalmente, além de serviços de gás e TV a cabo. A estimativa de lucro da milícia na região varia de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão por mês.
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