Comerciante colocou 10 câmeras de segurança em seu estabelecimento, em Queimados
 - Severino Silva
Comerciante colocou 10 câmeras de segurança em seu estabelecimento, em Queimados Severino Silva
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Em março, o jovem Adriano Martins, de 21 anos, estava sentado à porta de casa, na Rua Garboza, na Vila do Tinguá, em Queimados, acompanhado da mãe e do padastro. Homens em um carro passaram e executaram o rapaz com dois tiros. Parentes e amigos afirmam que ele não tinha envolvimento com criminosos. "Minha tia se jogou na frente para tentar proteger o filho. Hoje, ela vive à base de remédios. Como podemos viver em um lugar assim?", critica um primo.

Cinco jovens, entre eles, quatro menores, foram baleados em bar no bairro Belmont, em abril. Homens passaram atirando. Dez dias depois, três corpos foram encontrados no bairro Roncador.

Os casos não são isolados. A prefeitura luta para reduzir os índices de violência. Pesquisa divulgada semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou 309 cidades do Brasil e colocou Queimados no topo da lista das mais violentas. A taxa de homicídios na cidade, no período, foi de 134,9 mortes violentas a cada cem mil habitantes.

Conforme o Instituto de Segurança Pública, a região de Queimados registrou, em 2016, 453 vítimas no índice letalidade violenta. Do total, 423 casos foram de assassinatos. No ano seguinte, houve redução dos casos para 296 casos. Mesmo assim, a população vive com o medo.

Na Vila Camorim, moradores colocaram grades nas ruas, como na Pedro Mufato. Mesmo com o obstáculo de ferro que limita a passagem de pedestres, uma moradora foi sequestrada e obrigada a seguir com os criminosos até sua residência. "Foi muito assustador. Eles entraram e levaram tudo. Foi a segunda vez e a polícia não fez nada", conta. Segundo comerciantes dos bairros Fanchem, Vila das Porteiras e Jardim Queimados, o horário máximo de funcionamento é até 19h. "Sou comerciante há três anos. Colocamos aqui na loja dez câmeras para tentar inibir bandidos. Não adiantou", diz a empresária R.F, 42 anos.

Segundo dados da delegacia de Queimados, São Simão e Vila Tinguá têm os maiores números de mortes violentas. De 294 homicídios dolosos, de janeiro a maio deste ano, cerca de 80 foram registrados nos dois bairros. Já os roubos de rua, em 2018, chegaram a 1.176 e têm maior frequência no Centro, dentro de transportes públicos, como trem e ônibus.

Em nota, a prefeitura afirma que "os dados analisados pelo Ipea são de 2016. Desde então, a taxa de homicídios reduziu em quase 40%. O número demonstra que as medidas que o município implementou em dois anos, como a ronda com 20 policiais por dia, financiados pela prefeitura, através do Proeis, a doação de imóvel para implantação de companhia destacada em área com grande mancha criminal, o asfalto no acesso às principais comunidades, além do conserto de viaturas e cabines da PM, entre outras, surtiram efeito".

Falta asfalto, saneamento e segurança
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Não é só Segurança Pública que falta em Queimados. Moradores reclamam da infraestrutura precária em bairros como Inconfidência, Vale Ouro, Jardim Campo Belo e Três Fontes. Falta calçamento, iluminação e saneamento. Mãe de uma menina de 1 ano, Juliana Camelo de Souza, de 23, conta que o bairro Vale Ouro nunca teve atenção e há muitas ruas sem asfalto.
A prefeitura explicou que pavimentou 500 ruas, 10 estações de tratamento de esgoto foram construídas. Em relação aos bairros, a prefeitura diz, em nota, que no Inconfidência, pavimentou 80% das ruas e promete asfaltar as demais nos próximos dois anos. No Vale do Ouro, a prefeitura diz que recuperou trecho da Estrada Carlos Sampaio, no bairro e planeja iniciar no próximo ano saneamento e pavimentação.
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