Rio - As estatísticas criminais alertam: nunca houve tanto roubo de celular no Estado do Rio. Somente no ano de 2017, foram registrados 24.380 roubos do aparelho, o maior número desde 2003, quando teve início a série histórica.
Especialistas são unânimes em afirmar que, para além do dano econômico, os usuários devem se preocupar com a segurança dos dados do aparelho e dão dicas de como deixar a salvo o conteúdo do seu celular, caso ele seja roubado.
"O roubo deve preocupar as pessoas não somente pelo aparelho em si, mas principalmente por armazenar grande parte de informações como fotos e vídeos. São conteúdos privados, e às vezes sensíveis. Se publicados podem gerar danos muito mais graves", afirmou José Vicente Milagre, perito digital e mestre em Ciência da Informação.
Atualmente, no Brasil são cerca de 250 milhões de celulares, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Cabe a cada operadora fornecer mecanismos de segurança e softwares próprios para proteção, que muitas vezes não param somente na divulgação não autorizada do conteúdo.
"Nós temos tido aumento de casos em que não contentes em somente roubar o equipamento os criminosos exigem resgate ou extorquem vítima para que ela forneça dinheiro ou dê uma vantagem econômica para que os dados não sejam divulgados", disse Milagre.
Foi o caso da universitária I.R, 19 anos. Em setembro do ano passado ela estava a caminho de uma aula na faculdade de Letras, no Fundão, quando dois homens anunciaram um assalto no ônibus em que ela estava. Perdeu dinheiro e o celular. As fotos do trote do vestibular foram perdidas, já que ela não havia salvo em outro local. Após o susto do assalto, outro medo surgiu: o aparelho não tinha senha e o criminoso poderia acessar seus dados bancários, e-mail e redes sociais. Ela, então, mandou uma mensagem para os criminosos e pagou R$ 300 para que eles enviassem de volta as fotos roubadas. "Eles queriam até mais dinheiro, mas eu não tinha. Chorei muito, fiquei com muito medo que eles fossem até a minha casa. Mas meu pai ofereceu essa quantia final e eles enviaram as fotos para um e-mail, após ter feito o depósito", contou. O caso foi registrado na 17ªDP (São Cristóvão), como extorsão.
Para que criminosos não tenham mais acesso aos seus dados, a estudante passou a usar a dica de segurança mais básica no novo celular: utilizar uma senha. "A principal estratégia para proteção é inserir um dispositivo de autenticação, que pode ser uma senha com número, um desenho, ou biometria. O ideal seria uma dupla autenticação para tornar a invasão pelo hacker mais difícil. Ele só vai conseguir quebrar a senha 'resetando' todo o conteúdo do celular, o que apagará os dados", explicou Milagre.
Entre as outras dicas, estão guardar os dados na nuvem, que pode ser a do Google ou outros sistemas disponíveis na internet, como o Dropbox. "Mais importante: não deixe a senha da nuvem aberta no celular", apontou o especialista.
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