A estimativa é de bloquear mais de 800 mil celulares irregularesAgência Brasil
Por Brunna Fanti
Publicado 02/06/2018 21:38 | Atualizado 03/06/2018 09:44

Rio - As estatísticas criminais alertam: nunca houve tanto roubo de celular no Estado do Rio. Somente no ano de 2017, foram registrados 24.380 roubos do aparelho, o maior número desde 2003, quando teve início a série histórica.

Especialistas são unânimes em afirmar que, para além do dano econômico, os usuários devem se preocupar com a segurança dos dados do aparelho e dão dicas de como deixar a salvo o conteúdo do seu celular, caso ele seja roubado.

"O roubo deve preocupar as pessoas não somente pelo aparelho em si, mas principalmente por armazenar grande parte de informações como fotos e vídeos. São conteúdos privados, e às vezes sensíveis. Se publicados podem gerar danos muito mais graves", afirmou José Vicente Milagre, perito digital e mestre em Ciência da Informação.

Atualmente, no Brasil são cerca de 250 milhões de celulares, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Cabe a cada operadora fornecer mecanismos de segurança e softwares próprios para proteção, que muitas vezes não param somente na divulgação não autorizada do conteúdo.

"Nós temos tido aumento de casos em que não contentes em somente roubar o equipamento os criminosos exigem resgate ou extorquem vítima para que ela forneça dinheiro ou dê uma vantagem econômica para que os dados não sejam divulgados", disse Milagre.

Foi o caso da universitária I.R, 19 anos. Em setembro do ano passado ela estava a caminho de uma aula na faculdade de Letras, no Fundão, quando dois homens anunciaram um assalto no ônibus em que ela estava. Perdeu dinheiro e o celular. As fotos do trote do vestibular foram perdidas, já que ela não havia salvo em outro local. Após o susto do assalto, outro medo surgiu: o aparelho não tinha senha e o criminoso poderia acessar seus dados bancários, e-mail e redes sociais. Ela, então, mandou uma mensagem para os criminosos e pagou R$ 300 para que eles enviassem de volta as fotos roubadas. "Eles queriam até mais dinheiro, mas eu não tinha. Chorei muito, fiquei com muito medo que eles fossem até a minha casa. Mas meu pai ofereceu essa quantia final e eles enviaram as fotos para um e-mail, após ter feito o depósito", contou. O caso foi registrado na 17ªDP (São Cristóvão), como extorsão.

Para que criminosos não tenham mais acesso aos seus dados, a estudante passou a usar a dica de segurança mais básica no novo celular: utilizar uma senha. "A principal estratégia para proteção é inserir um dispositivo de autenticação, que pode ser uma senha com número, um desenho, ou biometria. O ideal seria uma dupla autenticação para tornar a invasão pelo hacker mais difícil. Ele só vai conseguir quebrar a senha 'resetando' todo o conteúdo do celular, o que apagará os dados", explicou Milagre.

Entre as outras dicas, estão guardar os dados na nuvem, que pode ser a do Google ou outros sistemas disponíveis na internet, como o Dropbox. "Mais importante: não deixe a senha da nuvem aberta no celular", apontou o especialista.

Anotar IMEI é importante para interromper crimes
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Assim que se compra um celular, o aparelho vem com o número de IMEI que, em tradução livre, significa Identificação Internacional de Equipamento Móvel. Em outras palavras, é como se fosse uma digital do celular: um número único que identifica o aparelho. O IMEI é necessário para o usuário entrar em contato com a operadora e inutilizar o chip e seus dados. Para ter acesso ao IMEI basta clicar no teclado *#06# (asterisco, jogo da velha, 06, jogo da velha). O número, que também vem na nota fiscal e registrado na parte interna da bateria, deve ser anotado em um local seguro. O delegado Celso Oliveira já conseguiu na Justiça que mensagens fossem enviadas para compradores de celulares roubados, a partir do IMEI. "É importante para interromper o ciclo de roubos que as pessoas parem de comprar celulares de origem duvidosa", afirmou.
Entre outras dicas, está as de Tiago Ramos, consultor privado de segurança de dados. "O usuário pode pesquisar e checar programas disponíveis, alguns gratuitos. Por exemplo, já existe aplicativos que apagam os dados à distância. Não guardar nada por muito tempo no cartão de memória, sem um backup, é fundamental para recuperar os dados roubados", apontou.
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