Rio - Casos de racismo praticados pela torcida da PUC-Rio ocorridos durante os Jogos Jurídicos em Petrópolis, na Região Serrana, tomaram conta das redes sociais. Segundo os relatos, alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) foram os alvos. Os episódios racistas ocorreram no sábado e domingo.
"Muito triste e revoltante o que está acontecendo nos Jogos Jurídicos. Alunos (no plural) da PUC-Rio, para provocar o Direito-UERJ, saíram do ginásio imitando macacos. Ontem, outro estudante de lá jogou uma casca de banana contra uma atleta negro da UCP. Casos de polícia", escreveu um universitário da Uerj.
Em outro episódio, o alvo foi uma aluna da UFF. Segundo o relato, a atleta de handebol feminino foi chamada de macaca por outra universitária da PUC-Rio. As duas universidades disputavam a decisão na modalidade.
"Diante do racismo, evidentemente os alunos da UERJ ficaram revoltados. Nisso, uma menina da PUC vira para a gente e diz: 'Olha o meu rosto, você acha mesmo que eu vou ser presa?'. Muito entristecedor estar tão próximo de um caso explícito de racismo", disse o estudante de Direito da Uerj, que sofreu ameaças nas redes sociais após relatar os casos.
"Um absurdo. Mesmo que o meio universitário tenha se tornado mais inclusivo ao longo dos anos, ainda é um ambiente muito hostil pra estudantes negros, que estão expostos a esse tipo de humilhação a qualquer momento. Porém o mais grave pra mim é saber que daqui há uns anos essas pessoas vão ser os profissionais que vão estar atuando na sociedade. Mais grave ainda se a gente for pensar que vão ser essas pessoas que vão se encarregar da Justiça brasileira", disse Gabriel Trancozo, de 19 anos, que faz Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A organização do evento puniu a PUC com uma multa de R$ 500 e um jogo sem torcida. Alunos da Uerj registraram o caso na 105ª DP (Petrópolis). Uma manifestação está programada para esta segunda-feira por alunos da instituição estadual. Na Gávea, estudantes de um coletivo negro da instituição onde estudam os acusados de racismo vão realizar um protesto na terça-feira.
Os episódios repercutiram muito nas redes sociais e uma enxurrada de críticas foram direcionadas aos autores dos crimes. Uma professora de Direito da PUC-Rio foi uma das que pediu punição para os alunos que cometeram os atos.
Procurada, a PUC-Rio ainda não se pronunciou sobre os casos. A UCP, que teve um atleta negro vítima de racismo, disse em nota que "não participa da organização do evento de nenhuma maneira" e que "nenhum aluno procurou a universidade para fazer qualquer reclamação sobre este assunto." As outras instituições que tiveram alunos vítimas de racismo também não se posicionaram até a publicação desta reportagem.