Rômulo Fontes, no banco traseiro, perdeu ontem o irmão Douglas, assassinado, e a mãe Maria José Fontes, que não resistiu ao ver o corpo do filhoMaíra Coelho / Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO E RAFAEL NASCIMENTO
Publicado 07/06/2018 22:25 | Atualizado 07/06/2018 22:30

Rio - A dor imensurável de perder um filho pelas mãos de bandidos destruiu uma família duas vezes ontem. Ver o corpo do policial militar Douglas Fontes Caluete, de 35 anos, assassinado em uma tentativa de assalto em Duque de Caxias na madrugada, fez o coração de Maria José Fontes, 56, parar de bater. E ela não resistiu ao ferimento mais profundo que existe. No mesmo dia, a violência matou um segundo PM, também em Caxias, e deixou pelo menos outros quatro baleados em assaltos no Rio.

O sargento Douglas Caluete, lotado no 15º BPM (Caxias), foi surpreendido por ao menos cinco criminosos armados quando passava pela Avenida Rio Branco, no bairro Gramacho. A namorada do militar contou na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) que os bandidos pararam o casal na via e ordenaram que Douglas se deitasse no chão após perceberem que era PM. O policial foi atingido por cerca de dez disparos. Maria José infartou quando chegou ao local para reconhecer o corpo e morreu na UPA de Sarapuí.

A DHBF fez perícia e busca câmeras de segurança para tentar identificar os assassinos, que fugiram. Inconsoláveis, o irmão gêmeo e o padrasto do PM foram à UPA liberar o corpo de Maria José. "Sabia que se minha mãe o visse não ia resistir", disse Rômulo Fontes, irmão de Douglas. O sargento estava há 12 anos na corporação e tinha dois filhos de 5 e 8 anos. Mãe e filho serão enterrados hoje às 11h no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.

Menos de 12 horas depois, Duque de Caxias registrou o homicídio de mais um policial militar, subindo para 55 o total de PMs mortos no estado este ano um a cada três dias. O sargento Robson Airon Coelho Alves, 49, estava de folga no portão de casa, no bairro Vila Maria Helena, quando quatro homens não identificados passaram em duas motos atirando. Com 20 anos de serviço, Robson atuava no 22º BPM (Maré) e deixa cinco filhos.

No Centro do Rio, um tiroteio na Avenida Presidente Antonio Carlos, esquina com Rua da Assembleia, causou pânico e deixou uma mulher ferida por bala perdida em uma das pernas por volta das 15h. Segundo o Centro Presente, uma dupla de moto tentou assaltar um pedestre. Em seguida, um segurança de um estabelecimento reagiu e trocou tiros. Daniele da Mata Ramalho, 44, foi atingida. "Foram uns 10 tiros em 10 segundos. Muita gente se escondeu em prédios, banca de jornal e na igreja", disse o taxista Felipe Lopes.

Tiroteios sobem 90%

Socorrida ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, ela está estável. Policiais prenderam Ygor Amorim Brito, de 23 anos, apontado como suspeito, dentro de uma igreja na Rua Rodrigo Silva com um revólver. O comparsa fugiu.

Segundo o aplicativo Fogo Cruzado, tiroteios e disparos aumentaram 90% na Região Metropolitana nos cinco primeiros meses de 2018 em comparação com mesmo período do ano passado, indo de 2.020 a 3.836 registros.

Delegado é atacado
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Irmãs são baleadas em Vila Isabel
Um intenso tiroteio em Vila Isabel, entre a policiais e criminosos, terminou com duas irmãs baleadas na manhã de ontem. Uma delas foi atingida de raspão por um tiro na boca e outra no braço.
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De acordo com o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Macacos, policiais militares foram acionados para verificar uma denúncia de roubo de veículo na Rua Senador Nabuco, onde acabaram sendo atacados por bandidos.
As duas mulheres, de 31 e 38 anos, foram socorridas pelos militares ao Hospital Federal do Andaraí. Até a noite de ontem, o estado de saúde delas permanecia estável. De acordo com o hospital, elas passaram por exames e estavam fora de perigo. Os criminosos envolvidos no tiroteio fugiram, mas o veículo roubado foi recuperado pelos policiais.
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Na mesma manhã, um homem foi baleado dentro de um ônibus durante uma tentativa de assalto na Avenida Brasil, na altura do Caju. De acordo com passageiros que estavam no coletivo, o criminoso teria confundido a vítima com um policial militar. O homem foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, mas seu estado de saúde não foi divulgado.

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