Rio - A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro será extinta e dará lugar a uma Companhia Destacada da Polícia Militar. A informação foi confirmada hoje (8) pelo secretário de Estado de Segurança, Richard Nunes. Segundo Nunes, o realinhamento na estratégia de segurança na região já começou, com a operação na Praça Seca, em meados de maio.
O general explicou que o objetivo dessa operação é reestruturar não somente a UPP da Cidade de Deus, mas toda a região do 18º Batalhão de Polícia Militar, que corresponde a Jacarepaguá. "Para termos uma Companhia de Polícia na Praça Seca e trazermos tranquilidade àquela parcela da população, temos que reestruturar toda essa área, e a Cidade de Deus também passa por isso.”
O secretário informou que haverá companhias destacadas do 18º Batalhão tanto na Cidade de Deus quanto na Praça Seca. “Com essa reestruturação, teremos uma capacidade de ter uma outra Companhia do 18º numa área carente de segurança no Rio de Janeiro e esse é o esforço integrado. Uma ação está relacionada à outra. Não se trata de uma ação pontual na Cidade de Deus, é uma rearticulação de todo um processo que vai se estender a outras áreas no futuro”.
Em entrevista após o lançamento do Programa Estadual Integrado de Segurança Pública, no Hotel Copacabana Palace, Nunes explicou que o lema do programa é Juntos por um Rio mais Positivo, porque a integração das instituições tem sido a chave de toda a intervenção federal no estado. "Juntos, podemos recuperar o Rio de Janeiro em todos os aspectos: não há segurança sem desenvolvimento, e o turismo pode ser uma das alavancas que impulsionarão o estado para uma retomada. Isso vai ser muito bom para toda a sociedade, e a segurança tem que fazer parte disso.”
O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, que também participou do lançamento do programa, lembrou que o Rio de Janeiro recebe apoio federal para divulgar suas atrações turísticas no exterior e ressaltou que é preciso desmistificar a visão construída sobre a violência na cidade.
“Das 50 cidades mais violentas do mundo, 43 estão na América Latina, mas o Rio de Janeiro não está nessa lista", disse Lummertz. "São cidades na Venezuela, na América Central. Sabemos também que os índices de violência de cidades como Medellín [Colômbia] era de 180 homicídios para cada 100 mil habitantes, e caiu para 20. O Rio está em uma faixa muito inferior, de 30. Nosso trabalho, proporcionalmente, é mais fácil. E lá [em Medellín] também teve investimento em educação e saúde, além de oportunidade de trabalho.
Segunda maior cidade da Colômbia, Medellín ficou conhecida nos anos 80 e 90 pelo tráfico de drogas, comandado na época por Pablo Escobar. Após a morte de Escobar, em 1993, os índices de criminalidade continuaram altos. A regressão desses índices veio nos anos 2000, com investimentos na área social, que mudaram o panorama da cidade.
Planejamento da intervenção
De acordo com o secretário, o planejamento estratégico foi elaborado pelo Gabinete de Intervenção Federal e assinado pelo interventor, general Walter Braga Netto, no dia 29 de maio. “É um instrumento basilar para conduzir nossas ações." E o plano da segurança pública está alinhado com esse planejamento estratégico, de modo que possa ser acompanhado por todos os que integram a estrutura da segurança no Rio de Janeiro e parte da sociedade, acrescentou.
Nunes disse que algumas ações já estão em andamento e que o planejamento consolida as ações de três secretarias (Defesa Civil, Administração Penitenciária e Segurança). “Está lá nesse plano o fortalecimento das instituições, recuperação de efetivo, investimento em equipamentos, rearticulação das unidades de Polícias Pacificadoras. Tudo isso está envolvido nesse plano, muito nós já tínhamos iniciado e agora ele está consolidado.”
Segundo o secretário, a recuperação do efetivo também inclui a contratação de pessoal da reserva, como está sendo feito no programa Niterói mais Segura, a contratação de pessoal já aprovado em concurso público – o que é esperado ainda para este semestre – e a retomada do Regime Adicional de Serviço, que consiste na compra da folga dos policiais, além da rearticulação das UPPs. “Toda uma vasta área de atividades que, somadas, vão dar um reforço extraordinário para o policiamento do nosso estado.” Nunes citou ainda a ação da Corregedoria-Geral Unificada, no combate à corrupção policial, em sintonia com as corregedorias da corporação.